Levantamento da UFPB mostra que parlamentares foram agredidas 26 vezes na Comissão, uma das mais importantes da Casa, em um ano
(Metrópoles | 11/09/2021 | Por Leilane Menezes)
Um homem ameaça suas colegas de trabalho de morte: “Vão dormir e esqueçam de acordar!”. Outro interrompe-as frequentemente enquanto elas falam, e um terceiro chama-as de “loucas” e de “pessoas portadoras de vagina”. Essa violência verbal e psicológica faz parte do cotidiano das parlamentares na Câmara dos Deputados.
Pesquisadoras da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), lideradas pela doutora em ciência política Tássia Rabelo de Pinho, monitoram ocorrências de violência política de gênero no Congresso Nacional. Dados preliminares do mais recente artigo elaborado pelo grupo detalham a animosidade contra deputadas na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados.
Só em 2019, houve 26 ocorrências de violência política de gênero nesse espaço. Tássia de Pinho usou o conceito cunhado pelas cientistas políticas Mona Lena Krook e Juliana Restrepo Sanín para tipificar as representações. A definição inclui “comportamentos que têm como alvo específico as mulheres que atuam politicamente, em sua condição de mulheres, e visa fazer com que estas abandonem a política ou sejam deslegitimadas aos olhos do público”.
Negação da fala e ridicularização do discurso, atos classificados como “machismo discursivo”, são alguns dos exemplos recorrentes.
“A escolha da CCJC foi motivada por sua relevância, somada ao expressivo incremento da presença feminina em seu primeiro mandato da 56ª Legislatura, que será exposto em uma das seções do artigo”, explica a doutora.