Com quantas omissões se faz a violência contra a mulher? Especialistas debatem

Pelo fim da cultura do estupro – crédito Paulo Pinto – AGPT

2º ato Por Todas Elas na Avenida Paulista, contra o estupro. Foto: Paulo Pinto/AGPT

04 de agosto, 2023 Glamour Por Isabella Marinelli

Uma jovem foi abandonada desacordada na porta de casa e sexualmente abusada na sequência. A cultura do estupro e o descaso do patriarcado é o fio que liga todos os homens que a abandonaram

Na madrugada do último domingo (30.7), em Belo Horizonte (MG), uma jovem de 22 anos foi abandonada inconsciente na porta de casa por um motorista de aplicativo. Ela voltava sozinha de um evento após os amigos a colocarem no transporte particular e avisarem o irmão dela, que adormeceu e não atendeu aos chamados. Pouco tempo depois de colocada deitada no chão, um homem a carrega nas costas por 3 quilômetros até um campo de futebol e a estupra. O caso expõe, de maneira assustadora, uma sociedade em que mulheres não estão seguras, sobretudo na presença de homens responsáveis por seus cuidados. Esse é um sintoma do acordo velado da masculinidade, parte de um cenário patriarcal, em que esses indivíduos se permitem a desresponsabilização.

“Um ponto que podemos traçar um paralelo é uma série de mulheres em situação de vulnerabilidade que são abusadas, como na área da saúde. Mulheres violentadas no parto, na presença de líderes espirituais que se aproveitam de uma fragilidade. Isso nos diz que nós, mulheres, não podemos contar com os homens para a nossa segurança, pelo contrário, eles são os nossos algozes enquanto tentamos proteger a nossa integridade física e psíquica. O que a gente vê é que há esse pacto da masculinidade em que eles não se percebem responsáveis pela nossa segurança e, pelo contrário, que eles se autorizam a essa falta de responsabilidade pela nossa proteção muito facilmente — desde um amigo a um irmão até um motorista e um estuprador desconhecidos. O caso revela, sobretudo, que não podemos contar com os homens quando o assunto é a nossa preservação”, afirma Isabela Del Monde, advogada, coordenadora do movimento MeToo Brasil e cofundadora da Rede Feminista de Juristas (deFEMde).

O cenário é alarmante. No ano passado, o Brasil registrou um número recorde de violência sexual na história do país. De acordo com os dados divulgados na 17ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, foram 74.930 vítimas em 2022. O levantamento considera os casos notificados, ou seja, vítimas que fizeram um boletim de ocorrência informando o crime às autoridades policiais. Se comparamos ao estudo do ano anterior, houve um crescimento de 8,2% – em 2021 foram 68.885 ocorrências.

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