Mulher e Mídia 6 – Produção de Conteúdos nas Perspectivas de Gênero, Raça/Etnia e Orientação Sexual

19 de novembro, 2009

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Produção de Conteúdos nas Perspectivas de Gênero, Raça/Etnia e Orientação Sexual
por Patrícia Negrão

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Foto: Claudia Ferreira

Dia 8/11 – domingo, às 9h
Mesa 3 – Produção de Conteúdos e Diversidade (Gênero, Raça e Etnia e Orientação Sexual)
Wania Santana – historiadora, consultora em História e Cultura Afrobrasileiras para o programa Cor da Cultura / Canal Futura
Taís Ladeira – jornalista, Empresa Brasil de Comunicação (EBC)
Fátima Pacheco Jordão – socióloga, diretora do Instituto Patrícia Galvão e coordenadora de Pesquisa da TV Cultura
Debatedora: Maria de Lourdes Rodrigues – socióloga, integrante da Liga Brasileira de Lésbicas
Coordenadora: Vanda Menezes – psicóloga, integrante da Rede Mulher & Democracia

“Na Conferência Nacional de Comunicação, vamos ganhar, e muito. Dos três atores: governo, empresas e sociedade civil, este último é o que tem menos a perder. Haverá, portanto, um enorme avanço do ponto de vista dos movimentos sociais. E é essa grande dinâmica que nos anima a discutir, neste seminário, propostas para a Confecom.”
Fátima Pacheco Jordão

“As mulheres precisam de recursos públicos para gerar sua própria comunicação. Recursos que permitam o uso de tecnologia e produção de conteúdo criativo, competitivo e com linguagem não apenas das mulheres para as mulheres, mas das mulheres para o mundo.”
Taís Ladeira

“A relação do movimento negro contemporâneo com os meios de comunicação é de crítica, pela invisibilidade e forma grotesca e preconceituosa como a população afrodescendente é tratada na mídia. O projeto “Cor da Cultura”, do Canal Futura, que divulga a Lei nº 10.691 (que torna obrigatório o ensino da história do negro e da África nas escolas), mostra que é possível fazer diferente.”
Wania Santana

“Por que defender a universalização e acesso à diversidade de conteúdos que promovam a igualdade e o respeito à diferença, como um princípio para uma política de comunicação? Porque os conteúdos não discriminatórios precisam chegar à população que está mais exposta a mensagens discriminatórias. Estou falando dos canais de TV abertos pelos quais a imensa maioria da população tem acesso aos conteúdos que reforçam estereótipos, preconceitos e discriminação, uma população que, por falta de opção e acesso a outros conteúdos, bebe dessa fonte todos os dias e todas as horas”.
Maria de Lourdes Rodrigues

Cada vez mais dinâmicas e mutáveis, as comunicações convergem e, ao mesmo tempo, abrem novos caminhos para a construção da notícia. Como aproveitar este importante momento de discussão de conteúdo – pela primeira vez o país terá uma Conferência Nacional de Comunicação – e como utilizar e explorar as novas tecnologias para produzir e pautar notícias com recortes de gênero, raça/etnia e orientação sexual? O desafio é grande. Com extensa experiência em áreas distintas da comunicação, Taís Ladeira, Fátima Pacheco Jordão e Wania Santana apontam os principais avanços e obstáculos e sugerem temas de reflexão para a formulação de propostas para a Confecom. Maria de Lourdes Rodrigues, a partir de sua experiência como integrante da Comissão Organizadora da Conferência Estadual de Comunicação/SP, traz para a mesa a temperatura dos debates das conferências municipais e estaduais de comunicação, que têm articulado o tema da produção de conteúdos a propostas de mudança de todo o sistema de comunicação do país.

Atenção às “brechas”
Nos anos 90, a jornalista Taís Ladeira participou da produção do “Fala Mulher”, um programa que foi um ícone da rádio no tratamento diferenciado e qualificado da questão de gênero. O “Fala Mulher”, o “Viva Maria”, a “Rádio Mulher” e outras iniciativas similares representaram “as brechas” que as mulheres encontraram para discutir temas importantes numa época em que gênero estava quase ausente das pautas. Taís sugere, portanto, atenção a essas brechas. “É possível enxergarmos, na comunicação brasileira, brechas, nichos, momentos, programas, iniciativas, políticas. Porém, como são pontuais, podem passar despercebidos e nos dar a sensação de que não está acontecendo nada”, alerta.

A jornalista da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) cita os vinte anos da queda do muro de Berlin como marco simbólico de ruptura brusca de uma forma maniqueísta e binária de ver o mundo: preto ou branco, homem ou mulher, feio ou bonito, gordo ou magro. “Era a Guerra Fria, ou seja, dois blocos políticos e culturais que se confrontavam”, afirmou Taís, deixando claro que citou aquele momento histórico extremamente complexo apenas como um exemplo, sem se aprofundar nas conseqüências políticas. “De lá para cá, as coisas começaram a se misturar, a se tornar mais complexas.”

Hoje acontece tudo ao mesmo tempo e agora. Não cabe mais dizer, por exemplo: “Mulheres, estamos aqui para conquistar direitos fundamentais; para conquistar nosso lugar na sociedade como trabalhadoras”. Existem mulheres que lutam por seus direitos fundamentais e outras que estão atuando política e socialmente de forma competitiva e desejável. “Essa complexidade no ‘ser mulher’ e na forma como as mulheres estão atuando na sociedade se reproduz na comunicação”, observa Taís.

As brechas, portanto, se alargam e um exemplo é a atuação em rede pelo movimento das mulheres. O Seminário A Mulher e a Mídia, para Taís, é uma oportunidade de se reconhecerem essas brechas, avaliarem quais são as prioritárias e quais ainda não foram irrompidas. “Falo em brechas, e não em situação ideal, porque ainda são muitos os desafios na produção de conteúdo com recortes de gênero, raça/etnia e orientação sexual.”

Taís Ladeira aponta o despreparo dos profissionais da comunicação – já que muitos deles ainda enxergam gênero como uma questão unicamente de mulher – como uma das principais dificuldades em todas as etapas de elaboração de um produto de comunicação, seja para TV, rádio, mídia impressa, Internet. “Existem profissionais que gostariam de ser sensibilizados, outros que querem, mas não sabem como e muitos que se recusam a tocar no assunto”, diz Taís.

Cotidianamente, na sociedade brasileira, são as mulheres que produzem as pautas: mulheres nas filas das escolas públicas, nos hospitais lotados, na jornada dupla de trabalho. A maioria dos veículos, no entanto, quer cobrir somente o sensacional. “A Marcha das Margaridas, em Brasília, por exemplo, dá mais visibilidade porque atrapalha o trânsito do Planalto Central do que pelo fato em si”, afirma Taís. Uma árdua tarefa das organizações feministas e das redes de movimentos de mulheres, portanto, é chegar a essas comunicadoras ou esses comunicadores e, quando isso ocorre, encontrar meios para que a notícia que desejam publicar seja tratada de forma diferenciada.

A historiadora Wania Santana aponta dois grandes desafios para o movimento negro contemporâneo: “estar e estar diferente”. Os afrodescendentes – 50,4% da população brasileira nos dias atuais – são tratados pelos meios de comunicação em duas situações: da invisibilidade ou do grotesco e do puro preconceito. “Ou não estamos presentes ou, quando estamos, é de forma preconceituosa, grotesca e de desqualificação”, diz Wania.

A escolha da notícia
Definir e escolher os temas a serem noticiados são tarefas complexas. “Somos pautadas, inclusive as empresas públicas, pela Agenda 7, ou seja, por aquilo que a mídia privada diz estar acontecendo no mundo, por aquilo que todos estão cobrindo. Não se ousa sair dessa agenda segura”, atenta Taís Ladeira. Ao passar pelos telejornais dos diferentes canais, todos dizem as mesmas coisas, com algumas nuances, e a sensação é que apenas cinco ou seis fatos estão acontecendo no mundo naquele momento. São poucos os comunicadores que conseguem romper com a escalada da notícia, ou seja, com os principais assuntos do dia.

As formadoras de opinião dos movimentos feministas, negro e indígena que desejam influenciar nesses veículos de comunicação precisam, muitas vezes, de capacitação para conseguir chegar a esses veículos. Como construir uma pauta que não seja excludente, que não nos coloque no gueto, que apresente um fato noticioso relacionado com a sociedade como um todo? Como traduzir esse e outros conteúdos de forma atraente, criativa, compreensível, palatável para quem não tem história de luta, não participa dos avanços, da construção de políticas públicas?

Os movimentos feministas acumulam uma série de datas e conquistas que podem ser emblemáticas. Uma idéia é fazer uma reflexão em cima de cada uma delas. Raça e etnia também usam do mesmo recurso, como o 20 de Novembro ou a conquista das cotas nas universidades. Já orientação sexual, destaca Taís, é um tema ainda mais difícil de se conseguir inserir na mídia.

Recursos públicos
Taís Ladeira sugere que uma das propostas para a Confecom seja a liberação de recursos públicos para que as mulheres possam gerar a própria comunicação, com conteúdo não mais guetizado, mas criativo e competitivo. É importante abrir espaço também nos grandes veículos, mas não mais com programas de mulheres que falam “coisas de mulher”, e sim programas com recursos técnicos avançados e linguagem que fale não apenas das mulheres para as mulheres, mas das mulheres para o mundo. “Precisamos trocar experiências com outros países da América Latina”, sugere. As rádios comunitárias, segundo ela, estão solicitando recursos públicos para se sustentar. “Os recursos públicos devem servir de ferramentas aos grupos sociais que querem fazer comunicação. Com a queda do diploma de jornalista, todas estamos prontas para fazer comunicação”, afirma a jornalista.

Convergência de comunicações
A comunicação política – tema conduzido por Fátima Pacheco Jordão – busca ação, reação e mudança. “Que espaço ocupamos neste momento de convergência de comunicações?”, indaga a coordenadora de Pesquisa da TV Cultura. Ela divide a comunicação política em três espaços:

  • o espaço ocupado pelos militantes, no qual o produtor do discurso fala diretamente com os ouvintes; portanto, a relação é de afinidade e de compreensão e o conteúdo tem consistência ideológica. O militante reconhece imediatamente a mensagem;
  • o espaço construído pelas ativistas feministas e de outros movimentos, que é o de infiltração de conteúdo nos processos e nos sistemas da mídia existentes, seja dramaturgia, jornalismo etc. Essa interferência é feita por meio de treinamentos de profissionais de mídia, pela capacitação de lideranças para tratar com a mídia e pela formulação de conteúdo;
  • o espaço aberto a todos, ou seja, de cooperação, de interação, de produção por mecanismos instantâneos e imediatos. “Aqui, a relação informação, emissor e receptor se mistura e se confunde”, pontua Fátima. “Nós já não nos adequamos a uma lógica de uma mídia, mas temos uma interlocução com alguém que responde.” Ela exemplifica: “O abuso sofrido pela estudante da Uniban – Geisy Arruda – ganhou dimensão porque o conteúdo foi produzido pelos atores em questão naquele momento. Uma filmagem feita com um celular levou o fato à mídia. A notícia se incorpora não como um fato a ser coberto, mas como um fato que expressou um conteúdo, uma ação de comunicação de lá para cá”.

Inversão de sentidos
O caso da universitária da Uniban pode ser também um exemplo de inversão de sentidos – a vítima vira ré. A partir da inversão de seu significado, uma proposta é desconstruída. Fátima Jordão dá outros exemplos. Com o fim da ditadura militar, os novos governantes se empenharam em promover uma política de direitos humanos. Como o discurso por direitos humanos foi invertido pelos opositores? As forças da ditadura, inclusive policiais, que se encastelaram nos meios de comunicação, transformaram o discurso de direitos humanos em “direitos de bandidos”. Isso atrasou em anos o processo de reflexão, de instalação e de organização da sociedade numa perspectiva de direitos humanos.

Essa inversão de sentidos fica bem clara também quando o assunto é a legalização do aborto. Na contraposição aparecem argumentos como o do “próvida”: “se são a favor do aborto, são a favor da morte”. “É uma inversão que está fazendo com que percamos esta batalha. No Brasil, até poucos anos atrás, a aprovação pela legalização do aborto era de quase 20%, hoje beiramos 10%”, alerta a socióloga.

Controle social
Os dois exemplos citados acima são, portanto, processos que invertem significados e se enraízam fortemente no discurso político conservador. Fátima Jordão citou os dois fatos para chegar a um tema bastante atual, o controle social. Por meio de inversão de significado, a expressão controle social tem sido invertida pelos opositores desse mecanismo como se fosse “censura” aos meios de comunicação. “O controle social que almejamos é o monitoramento, fiscalização cidadã, a discussão ampla de políticas publicas e não mecanismos de controle de cima para baixo”, diz a socióloga. É propiciar à sociedade equipamentos, com mecanismos de políticas públicas para que ela tenha ferramentas e capacidade de decodificar e atuar em um processo de comunicação amplo, complexo e dinâmico.

“Os próprios jornalistas já começaram a nos alertar sobre a inversão do conceito de controle social, nos dizendo de uma maneira indireta: ‘Esse é um tema que precisa ser muito bem cuidado por vocês, não pensem apenas em empresários e interesses econômicos, mas no conjunto de profissionais, sindicatos e escolas de comunicação que se articulam em torno dessa lógica da mídia’”, diz Fátima Jordão.

A socióloga sugere que, ao fazer propostas sobre controle social, as ativistas levem em conta o conceito de cidadania cultural – a partir da gestão de Luiza Erundina, na Prefeitura de São Paulo – para criar uma cidadania comunicacional. “A ideia é trabalhar com a sociedade para que ela desenvolva suas atividades e, a partir daí, passem a controlar o que está sendo feito e possam intervir nos processos de comunicação. É a possibilidade de tornar visível um novo sujeito, que se reconheça como protagonista”, defende.

“No Brasil, a área de comunicação é bastante desregulada e contrária à sociedade. Não estamos falando em proibições, regulamentações explicitadas. Mas as regras são necessárias.” Fátima cita três dados para a reflexão da correlação de forças atuais. O Brasil é o primeiro país do mundo em tempo de uso de internet e o sexto país do mundo em uso de telefonia móvel. No entanto, somos o 142º país em participação de mulheres no poder político. “Essa discrepância leva a uma reflexão clara com relação a nossa capacidade de entender o jogo que estamos jogando.”

Projeto “Cor da Cultura”
A historiadora Wania Santana discorreu, no seminário, sobre sua experiência na produção do projeto “Cor da Cultura”, no Canal Futura. Antes de falar do “Cor da Cultura”, ela destacou como os meios de comunicação tratam a população afrodescendente no Brasil. O movimento negro contemporâneo e o movimento de mulheres negras brasileiras sempre tiveram um diálogo de crítica com os meios de comunicação. Crítica contra a invisibilidade e crítica ao uso da imagem de crianças, jovens e adultos negros de forma grotesca e preconceituosa. “Consequentemente, a expectativa do movimento negro é de que mais homens, mulheres e crianças negros sejam apresentados com uma história, com uma família, com suas características, ou seja, respeitando o que é único em sua identidade.”

Além disso, a comunicação não deve se restringir a entretenimento e conhecimento, mas ser um meio de construção para uma outra identidade, com referências positivas. É importante, portanto, que a mídia cumpra esse sentido político pedagógico. As pessoas negras foram interditadas ao direito à educação – por viverem no meio rural ou nas periferias das cidades sem acesso à escola. A permanência é outro problema, pois temos uma escola que “expulsa” meninos e meninas afrodescendentes.  Dados do Ministério da Educação mostram que a “escola é um inferno” para a população afrodescendente, porque a escola é totalmente excludente. “Precisamos, portanto, de garantia de acesso e de permanência, um bom ambiente e, finalmente, um lugar que permita a produção do conhecimento e a absorção do conhecimento.”

Quanto ao conteúdo, uma vitória foi a Lei nº 10.619, de 9 de janeiro de 2003, que obriga o ensino da história do negro e da África nas escolas. O projeto “Cor da Cultura” é uma produção audiovisual com o objetivo de cooperar com o cumprimento da lei e colaborar para que a lei seja absorvida nas escolas. Oferecer a professores e alunos conhecimento dessa lei e instrumentos que possibilitem acesso a ela. “Avaliamos que a forma mais rápida de fazer a divulgação da lei seria por meio de material audiovisual e a divulgação pelos meios de comunicação.”

O projeto se divide em duas partes: produção audiovisual e material educativo para formação de professores e alunos (material veiculado na tevê, jogos, livros de orientação para professores e cadernos de exercícios). “Esse material possibilitou a formação de 4 mil professores em oito estados. E a boa notícia é que este projeto foi incorporado pelo Ministério da Educação e, em parceria com o Canal Futura, deverá chegar, no próximo ano, a pelo menos 4 mil municípios no Brasil”, comemora Wanda. “A população afrodescendente teve a oportunidade de ser protagonista. O projeto foi muito bem avaliado por professoras e professores. É possível, sim, fazer diferente”, encerra, com entusiasmo, Wania Santana. 

Produção de conteúdos converge com macromudanças
Maria de Lourdes Rodrigues destaca que o tema da produção de conteúdos – que as expositoras desta mesa debateram com uma riqueza fantástica e que tem feito parte do processo de construção da Conferência de Comunicação – nos leva a respirar convergência. Para a debatedora, o tema da produção de conteúdos na perspectiva de gênero, raça, etnia e orientação sexual “é um conteúdo que converge para o debate de questões macro de mudanças que se relacionam com o sistema de comunicação, de produção, de distribuição, de acesso e com o debate sobre marco regulatório. Enfim, não é possível pensar o conjunto de questões colocadas aqui sobre produção de conteúdos dissociado dessas questões estruturais”.

Para Maria de Lourdes Rodrigues, não é por acaso que Wania Santana fez toda a sua apresentação articulada ao que significa “viver neste país com desigualdade racial, com discriminação, com preconceito”. Ao mesmo tempo, destaca a ênfase dada por Taís Ladeira à dificuldade de compreensão dos produtores culturais e de mídia em relação à questão da orientação sexual – “dificuldade inclusive muito maior do que para compreender a questão da desigualdade de gênero e raça”.


Seminário Nacional A Mulher e a Mídia 6

Rio de Janeiro, 6 a 8 de novembro de 2009
Realização:
Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SPM)
Instituto Patrícia Galvão – Comunicação e Mídia
Fundo das Nações Unidas para o Desenvolvimento da Mulher (Unifem)
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud)

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