89% dos brasileiros querem mais mulheres candidatas nas próximas eleições

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20 de março, 2025

Maioria é favorável à presença de mulheres na política, mas considera que elas não são estimuladas a se interessar pelo assunto e as que o fazem são discriminadas

A pesquisa de opinião Por Mais Mulheres na Política, realizada pelo Instituto Patrícia Galvão e Ipec com apoio do Ministério das Mulheres, revela que 9 em cada 10 brasileiros (89%) consideram que a presença de mulheres na política contribui para melhorar o ambiente político e a sociedade em geral. Semelhante parcela (88%) considera importante que as equipes de governo sejam formadas com equilíbrio entre homens e mulheres para melhor representar a população brasileira. Os brasileiros e brasileiras aprovam a presença de mulheres na política e as consideram componentes importantes para as equipes de governo, como ministras, secretárias e assessoras.

Acesse na íntegra o relatório da pesquisa no final da página! 

Discriminação e falta de estímulo e apoio explicam pequena participação

Para 77% dos entrevistados, as mulheres não são estimuladas desde jovens a se interessar por política e por isso são minoria nessa área. E 84% consideram que a pequena quantidade de mulheres em cargos políticos mostra que elas são discriminadas e que deveriam ter mais apoio para participar da política; essa percepção é maior entre as mulheres (87%) do que entre os homens (79%).

População quer mais mulheres como candidatas no próximo pleito

Se por um lado a maioria é favorável a uma maior presença de mulheres na política, para 78% dos entrevistados essa quantidade é indiferente porque um político, independentemente do sexo, deve trabalhar para toda a população. Contudo, 89% afirmam que gostariam que houvesse mais mulheres como candidatas nas próximas eleições.

Ataques machistas e falta de apoio da família e dos partidos são as principais barreiras

Para 4 em cada 10 brasileiros (41%), os assédios e os ataques machistas dentro e fora dos partidos são uma das principais barreiras à participação das mulheres na política. Mais mulheres (46%) do que homens (37%) declararam essa percepção. Três em cada dez apontam também a falta de apoio da família, dos políticos e dos partidos, além do nível de corrupção que existe nesse ambiente como fatores que dificultam a participação das mulheres na política; cada item obteve 31% das menções. Mais mulheres (27%) do que homens (18%) indicam que, se já não é fácil para elas conciliarem o emprego com o cuidado da casa e da família, participar da política fica ainda mais difícil.

Somente 3% não votariam em uma mulher de jeito nenhum

Praticamente a totalidade dos brasileiros e brasileiras declara que com certeza votaria ou poderia votar em uma mulher para ocupar cargos públicos considerados importantes. Apenas 3% respondem que não votariam em uma mulher de maneira alguma.

Capacidade de organização, competência e muitas outras razões para votar em mulheres

Ao escolherem as três principais razões para votar em uma mulher, 36% apontam sua maior capacidade de organização e 34% defendem a visão de que as mulheres devem participar da vida pública e das decisões políticas. Mais mulheres (30%) do que homens (25%) destacam como motivo a ideia de que as mulheres priorizam temas relacionados com a saúde, a educação e a segurança em suas propostas políticas. Por outro lado, mais homens (31%) do que mulheres (23%) consideram que elas são menos corruptas.

Com mulheres no poder, saúde e educação seriam as áreas que mais avançariam

Os brasileiros identificam a saúde e a educação como as áreas que mais registrariam avanços e melhorias se os cargos de poder no Executivo ou no Legislativo fossem ocupados por mulheres. A saúde é apontada por 74% dos brasileiros, enquanto educação é indicada por 63% da população.

Um em cada quatro acha a política muito agressiva para as mulheres e que elas são muito emotivas para este ambiente

Contudo, quatro em cada dez entrevistados (44%) não declaram um motivo específico para não votar em mulheres para cargos importantes. Entre os que apontam razões, 25% indicam o ambiente agressivo e competitivo demais para as mulheres e o mesmo percentual, a ideia de que elas são mais emotivas e decidem com o coração e não com a razão.

É maior entre nordestinos a parcela que subestima a capacidade das mulheres de aguentar pressão política e atuar em um ambiente muito agressivo e competitivo

Na comparação com o total da amostra é maior entre os nordestinos a parcela que considera o ambiente político agressivo e competitivo demais para as mulheres (32%) e que elas não aguentam a pressão política (24%), ao passo que no Sudeste (52%) e entre quem se autodeclara branco (51%) é mais expressiva a proporção que não cita uma razão específica.

Maioria é favorável à lei das cotas mínimas de candidaturas femininas

A maioria dos brasileiros e brasileiras (59%) se diz a favor das cotas mínimas de candidaturas de mulheres para os cargos de senadoras, deputadas ou vereadoras.

Mulheres e moradores do Norte/Centro-Oeste e Nordeste são mais favoráveis à lei de cotas

Em relação ao total da amostra, a favorabilidade às cotas de candidaturas femininas no Legislativo é maior nas regiões Norte/Centro-Oeste (67%) e Nordeste (66%) do país. E, embora não seja estatisticamente significativa, a favorabilidade é um pouco maior entre as mulheres (62%) e pessoas pretas e pardas (61%) na comparação direta com os homens e quem se autodeclara branco, ambos com 55% das menções.

Maioria defende punição para descumprimento da legislação e apoia lei de cotas de mulheres eleitas

Na visão da maioria dos entrevistados (86%) deveria existir uma lei para garantir uma cota mínima de mulheres eleitas; para 80%, os partidos que descumprem a lei de cotas de candidaturas devem ser punidos; e, para 73%, os partidos que concorrerem somente com candidatos homens devem disputar menos vagas.

Contrários à lei de cotas defendem competição em igualdade de condições

Duas a cada três pessoas contrárias às cotas mínimas de candidaturas femininas justificam sua posição, sobretudo, por acharem que homens e mulheres devem concorrer em condições iguais. As demais acham que as cotas não funcionam: porque os partidos políticos usam candidaturas falsas (“laranjas”) para cumpri-las; porque os partidos políticos não dão o apoio legal e jurídico necessário à candidatura das mulheres (11%); e por falta de condições ou interesse das próprias mulheres em se filiar aos partidos políticos (6%).

Comentários

“A pesquisa mostra que a população brasileira reconhece a importância da contribuição das mulheres na política e que se elas estiverem em cargos de poder irão promover mais avanços nas políticas públicas em áreas críticas para toda a população, como, por exemplo, saúde e educação. Mais de quatro em cada dez entrevistados não sabem dar uma razão para não votar em uma mulher. Os que citam motivos subestimam a capacidade das mulheres e assumem posições paternalistas de que o ambiente político é muito agressivo e competitivo e que elas não aguentam pressão.

Sobre a lei de cotas de candidaturas femininas, a maioria da população se diz favorável, mas boa parcela considera que essa medida não funciona porque os partidos conseguem driblar a lei e a justiça eleitoral não pune quem a descumpre. Outra barreira que é bastante citada nessa pesquisa é a falta de apoio da família, além da dificuldade de a mulher conciliar o emprego e cuidado da casa e da família com as atividades político-partidárias. Tudo conspira contra as mulheres na política. A boa notícia que traz esse levantamento é que brasileiras e brasileiros querem ver mais candidaturas de mulheres nas próximas eleições. Então, é preciso, acima de tudo, estimular e apoiar as mulheres a participarem da vida política para que consigam acesso a cargos de poder e decisão e possam contribuir para o avanço da política brasileira.” Jacira Melo, diretora executiva do Instituto Patrícia Galvão.

Sobre a pesquisa

A pesquisa Por Mais Mulheres na Política foi realizada pelo Ipec e Instituto Patrícia Galvão, com apoio do Ministério das Mulheres por meio de emenda do mandato da deputada federal Luiza Erundina (PSOL-SP). Foram entrevistadas de forma presencial 2.000 pessoas, mulheres e homens com 16 anos ou mais residentes em 129 municípios brasileiros, entre 10 e 14 de janeiro de 2025. A margem de erro é de 2 pontos percentuais.

Contato para imprensa

Julia Cruz – Instituto Patrícia Galvão (11) 98482-2628 | [email protected].

Consulte também o Banco de Fontes do Instituto Patrícia Galvão com dados e contatos de especialistas em violência de gênero de todo o país

Por Mais Mulheres na Política (Instituto Patrícia Galvão e Ipec, 2025) Por Mais Mulheres na Política (Instituto Patrícia Galvão e Ipec, 2025)

Acesse a pesquisa completa!


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