Segurança barrou Dani Monteiro mesmo depois de ela dizer que é parlamentar
(O Globo, 22/03/2019 – acesse no site de origem)
Nesta quinta-feira, no Dia Internacional Contra a Discriminação Racial, a deputada estadual Dani Monteiro (PSOL-RJ) pediu à presidência da Assembleia Estadual do Rio de Janeiro (Alerj) que treine seus funcionários contra o preconceito. Um dia antes, a parlamentar havia sido impedida por um segurança de acessar o elevador reservado a deputados, mesmo provando ser uma, conforme noticiou a coluna de Ancelmo Gois.
— Existe um elevador reservado para deputados e, quando eu fui entrar nele, o segurança foi me encostando para fora sem nem olhar para minha cara. Confusão pode acontecer, afinal somos 36 novos deputados. Mas eu sou a única jovem, negra, com cabelo colorido, e eles recebem um documento com as nossas caras. Difícil não reconhecer. Quando falei sobre isso com deputados, nenhum homem branco disse ter sofrido o mesmo. Agem como se eu não pudesse ser deputada, como se meu local somente fosse com uma vassoura na mão — relata Dani Monteiro.
Em nota, a Alerj afirmou que “vem trabalhando num projeto para melhorar o atendimento ao público interno e externo”.
A deputada diz que desde o primeiro dia de mandato sofreu discriminação racial em dependências da Alerj. Ao levar funcionários de seu gabinete para exame admissional, errou o prédio onde eles seriam realizados e questionou o segurança sobre o local correto. No diálogo, ela lembra as palavras agressivas ditas a ela e sua equipe:
— Entrei, por engano, no prédio da Escola Legislativa e o questionei se ali era onde fazia o exame admissional. O segurança se sentiu tranquilo para falar com a gente que ali era “só exame de DNA”. Não tinha entendido, mas ele continuou pegando o cassetete e batendo na mão: “aqui a gente bate até sair o DNA”.
Os relatos já tinham sido passados pela deputada para os setores de segurança da Casa, mas as respostas de resolução não foram cumpridas, segundo ela.
— Toda vez a segurança fala que não vai acontecer e acontece. Por isso, solicitamos a formação com todos os profissionais da Casa. Temos que deixar de naturalizar que o lugar do negro é o do cafezinho, limpando o chão. Em um elevador de serviço, ninguém ia me barrar — critica Monteiro.
Raphael Kapa