Genocídio e inclusão no mercado de trabalho são urgências para negros no Brasil

18 de novembro, 2019

Pesquisa inédita realizada pelo Google em parceria com Instituto DataFolha e consultoria MindsetWGSN nas cinco regiões do país mapeia as urgências e da população negra como a importância de políticas afirmativas, representação e o feminismo negro

(Marie Claire, 18/11/2019 – acesse no site de origem)

Os autodeclarados pardos ou negros no Brasil são 58% e para eles genocídio, racismo estrutural e institucional e inclusão no mercado de trabalho estão entre as urgências para a população, de acordo com pesquisa inédita Consciência entre urgências: pautas e potências da população negra no Brasil, realizada pelo Google em parceria com Instituto DataFolha e consultoria MindsetWGSN nas cinco regiões do país.

O estudo envolveu uma fase qualitativa em outubro de 2019 com entrevistas com sete especialistas (sociólogos, filósofos e historiadores), três grupos qualitativos em São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador e seis Youtubers. Na fase quantitativa foram ouvidas 1225 pessoas de todas as classes e regiões do país.

Dos 58% da população, 69% se declara parda e 31% negra e a pauta mais urgente (46%) é a inclusão no mercado de trabalho. De acordo com o IBGE, pretos e pardos têm um salário médio de 58% do salário dos brancos e juntos representam 65% dos desempregados do Brasil. Porém de acordo com o grupo, o tema é menos discutido (34%) do que deveria e fica atrás de racismo institucional e estrutural.

Em segundo lugar está então racismo estrutural e institucional como urgência (44%) e necessidade de discussão (41%). A pauta é 1,7 vezes mais importante entre jovens de 16 a 24 anos do que entre as pessoas com mais de 60. Dentro do tema, 7 entre 10 brasileiros não se sentem representados pelos governantes e as classes D e E (73%) acham mais importantes votar em canditados negros que as classes A e B (47%).

A pesquisa ainda aponta que a ausência da representatividade também é reforçada pela publicidade. 68% dos entrevistados afirmaram que não se sentem representados pelas marcas em geral.

A pauta sobre feminismo negro é 27% urgente e 25% uma necessidade a ser discutida. Mais urgente entre as mulheres (30%), mas entre os homens (23%) ocupa a mesma posição na lista de urgências. Enquanto a taxa de assassinatos de mulheres brancas teve crescimento de 4,5% entre 2007 e 2017, a taxa de homicídios de mulheres negras cresceu 29,9%, segundo o Atlas da Violência do IPEA de 2019.

genocídio da população negra é a quarta pauta mais urgente (23%). Quanto maior a escolaridade, maior o sentimento de urgência em relação ao genocídio da população negra, Superior (53%), Médio (26%) e Fundamental (14%). De acordo com Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a cada 23 minutos um jovem negro é morto no país.

Em quinto lugar, a preocupação com a existência de políticas afirmativas, como cotas raciais, é 19% urgente, e é maior entre homens (23%) do que entre as mulheres (17%). Para os entrevistados, a urgência de políticas afirmativas é menor que o nível de discussão (24%) em torno do assunto no país.

Consciência Negra

O estudo também buscou entender a percepção dos entrevistados sobre o Dia da Consciência Negra. Para 91%, o dia 20 de novembro é uma data importante para manter vivos na memória heróis negros e heroínas. O dia tem maior importância para as classes mais baixas, 85% dos ouvidos das classes D e E concordam que a data é um momento de luta, o percentural entre os da classe A e B é de 72%.

Ativismo
Um em cada dois entrevistados se consideram ativistas do movimento negro no Brasil. O percentual dos que se consideram mais ativistas estão nas classes D e E (63%), que reúnem duas vezes mais ativistas que as classes A e B (31%). Do grupo, 81% concordam que o ativismo negro prioriza causas que são importantes para toda a população.
E os brancos? 78% dos entrevistados são a favor da participação de pessoas brancos na luta contra o racismo e 59% entendem que brancos devem se envolver porque fazem parte do problema. Para 87% a luta não é exclusivamente dos negros.

Resultados detalhados da pesquisa serão divulgados ao longo do ano. Em março de 2020, será divulgado um recorte com dados sobre o feminismo negro e imagem na mídia.

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