O relatório revela que somente a remoção de leis discriminatórias pode levar 286 anos; o ODS 5, que busca a igualdade de gênero, não será alcançado até 2030
(Ana Clara Godoi/Observatório do Terceiro Setor) A igualdade de gênero pode levar 300 anos para ser alcançada, é o que revela o relatório desenvolvido pela ONU Mulheres em parceria com o Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais (Desa), divulgado em 07 de setembro. Devido ao desafio presente na sociedade, o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 5, que busca a igualdade de gênero, não será cumprido até 2030.
O estudo destaca que alguns acontecimentos que afetaram todo o globo impediram o combate à desigualdade, como a pandemia de Covid-19, conflitos entre países e mudanças climáticas, além da perda ou falta de direitos reprodutivos.
Em março, o Brasil alcançou a 78ª posição em um ranking que mede igualdade de gênero em 144 países, ficando atrás até de outros países da América Latina. O dado faz parte do Índice de Gênero dos ODS 2022, desenvolvido pela Equal Measures 2030.
Para Aline Odara, fundadora do Fundo Agbara, fundo filantrópico para mulheres negras no Brasil, “isso representa, para muitas, viver em um estado extremamente moderno e tecnológico, com o qual ela contribui produzindo ativamente suas riquezas, mas do qual obtém poucos, ou no caso de mulheres negras, nenhum amparo ou retorno”.
O relatório ainda aponta que seria necessários 140 anos para que as mulheres fossem representadas em posições de poder de forma igualitária aos homens. No parlamento nacional, é preciso pelo menos 40 anos para a quantidade de mulheres se igualar a de homens.