Literatura não educa, mas pode sensibilizar sobre o aborto, diz Claudia Piñeiro

01 de julho, 2024 Folha de S. Paulo Por Bárbara Blum

Autora de ‘Catedrais’ e terceira argentina mais traduzida do país está em São Paulo para a Feira do Livro

Quando Claudia Piñeiro escreveu seu “Catedrais”, sobre o assassinato da jovem Ana, que havia feito um aborto, ela não pensava em fazer um livro político.

O livro, que chegou ao Brasil em abril, logo após o CFM (Conselho Federal de Medicina) investir contra o aborto tardio em casos de estupro, narra a história da jovem por vários pontos de vista. A ideia, segundo Piñeiro, não era fazer um quebra-cabeças, mas propor um jogo de responsabilidade.

“Ao colocar a narração em primeira pessoa, pude mostrar o quanto cada um assumia responsabilidade ou não sobre o ocorrido com Ana. Quase todos têm algo a ver”, diz a autora.

Cada capítulo do livro de cerca de 250 páginas é narrado da perspectiva de um personagem da trama, incluindo familiares de Ana, seu pai, sua irmã e seu sobrinho que nem era nascido quando ela morreu. O resultado é um coral de memórias que formam um mosaico do que pode ter acontecido com Ana, de quem ela era.

Em um cenário diferente do daqui, na Argentina, o livro foi lançado em 2020, ano em que o aborto foi descriminalizado no país.

Piñeiro, ativa na defesa do direito à interrupção da gravidez, veio a São Paulo para a Feira do Livro, no Pacaembu, para uma mesa que divide neste domingo com a brasileira Tatiana Salem Levy, em meio ao turbilhão causado pelo PL 1904 de Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), que equipara a pena para interrupções acima de 22 semanas de gravidez resultante de estupro à reclusão prevista em caso de homicídio simples.

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