Pesquisa diz ainda que na média, por hora, 177 são espancadas; 76% das mulheres vítimas de violência contam que o agressor era conhecido.
(Jornal Nacional, 26/02/2019 – acesse no site de origem)
Uma pesquisa sobre a violência contra mulheres no Brasil concluiu que mais de 500 foram agredidas fisicamente a cada hora em 2018. E na maioria dos casos, por pessoas conhecidas.
Guardas civis levam uma vítima de agressão e ameaças para um centro de atenção à mulher da Grande São Paulo, uma rotina tristemente comum em todo o Brasil.
Em 2018, segundo um levantamento do Datafolha, encomendado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 16 milhões de mulheres acima de 16 anos sofreram algum tipo de violência: 3% ao se divertir num bar, 8% no trabalho, 8% na internet, 29% na rua e 42% em casa.
O número de agredidas fisicamente alcança quase cinco milhões de mulheres, uma média de 536 mulheres por hora em 2018; e 177 espancadas.
A pesquisa mostra que 76% das mulheres vítimas de violência contam que conheciam o agressor: o marido, um ex-namorado, um vizinho. E quando perguntadas o que fizeram depois da agressão, mais da metade respondeu: nada – sequer chamou polícia. Um dado que revela como pode ser difícil quebrar o silêncio.
“É muito complicado. Por isso que as pessoas às vezes não denunciam, por medo. Eu não tinha coragem de denunciar”.
Uma jovem começou a ser agredida pelo marido um ano depois do casamento. Nas fotos, as marcas de socos, vassouradas, o empurrão de uma escada. Só depois de sete anos, ela perdeu o medo de denunciá-lo. E o motivo: a filha pequena, que testemunhava a violência, se tornou agressiva na escola.
“Foi o que me deu força para denunciar porque estava mexendo até com o psicológico da minha filha”.
Para a responsável pela pesquisa, é preciso melhorar a estrutura para receber quem sofre violência, não apenas Delegacias da Mulher, que existem em só 8% dos municípios brasileiros.
“Ela vai precisar de uma assistente social, muitas vezes ela precisa de um encaminhamento para o sistema de saúde, se o caso dela envolve guarda de filho, ela precisa do apoio da Defensoria Pública. Se ela está numa situação de alto risco, ela precisa ser deslocada para uma casa abrigo para ter a sua vida resguardada, preservada”, disse Samira Bueno, diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
A jovem que denunciou o marido vive hoje sob medida protetiva – ele não pode se aproximar. Ela sonha com uma vida tranquila, mas jamais vai esquecer o que enfrentou.
“Talvez as agressões no corpo podem até sumir, mas o que fica dentro da gente não some nunca”.