Apesar de representarem metade da população, mulheres ainda são minoria na política.
(Congresso em Foco | 30/10/2021 / Por Lucas Neiva)
Iniciado no último mês de setembro e previsto para durar até outubro de 2022, um levantamento realizado pelo Instituto Justiça de Saia procura identificar os números e as causas da violência política contra mulheres no Brasil. O instituto ressalta que o fenômeno afeta tanto eleitoras quanto candidatas e mulheres eleitas para cargos públicos, e surte efeito não apenas no meio político.
Luciana Terra, da liderança do projeto Justiceiras (um dos organizadores da pesquisa), explica que a violência de gênero na política se manifesta de diversas formas: quando mulheres são interrompidas em suas falas em parlamento por conta do gênero, quanto têm sua honra agredida ou até mesmo quando deixadas em segundo plano em agendas partidárias, muitas vezes solicitadas apenas para o cumprimento de cotas.
“Tivemos exemplo disso na própria CPI da Covid-19, quando a senadora Simone Tebet (MDB-MS) foi chamada de descontrolada por discordar do depoente”, exemplificou. O impacto dessa forma de violência não se limita ao ambiente político. “Mesmo sendo mais de 50% da população, ainda somos minoria no Congresso Nacional. Isso de alguma forma reflete dentro da sociedade, nas questões de violência doméstica e nas diferenças de mercado de trabalho”, explicou Luciana Terra.
O levantamento realizado procura identificar os fatores envolvidos nessa forma de violência, bem como derrubar mitos relacionados à falta de participação feminina na política. “Temos, por exemplo, o mito de que mulher não vota em mulher. O que nós vimos é que não, não foi isso o que as participantes responderam”, citou. Os dados preliminares também apontam para a falta de estímulo social para que mulheres embarquem na política, mesmo havendo interesse por parte delas.