Desconstruir padrões de masculinidade desde a infância é essencial para a construção de uma sociedade mais igualitária
(Agência Patrícia Galvão, 17/12/2018)
O dia 6 de dezembro é marcado como o Dia Nacional de Mobilização dos Homens pelo Fim da Violência contra as Mulheres. Dentre muitos assuntos abordados por eles e para eles durante os 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres está a desconstrução de padrões de masculinidade estabelecidos pelo patriarcado.
A construção de uma sociedade mais justa para mulheres e homens, em que elas possam viver livres da violência de gênero e desfrutar de iguais oportunidades no mercado de trabalho, por exemplo, passa por ensinar crianças e adolescentes a compreender e questionar a estrutura social que normatiza a violência do homem contra a mulher.
É o que pontua Sérgio Barbosa, professor universitário de Filosofia e Sociologia e também coordenador do projeto Tempo de Despertar, programa idealizado pela promotora de justiça Maria Gabriela Manssur do Ministério Público do Estado de São Paulo, em que atua com grupos reflexivos para homens autores de violência contra mulheres e dá palestras educativas sobre o tema.
“Quando trabalhamos com crianças, jovens e adolescentes, explicamos que toda aquela situação de violência é baseada no patriarcado e que são essas estruturas que legitimam o controle da mulher. Em decorrência desse patriarcado surge o machismo, que é a expressão da violência simbólica contra as mulheres e, a partir disso, acontece a agressão”, explica Sérgio.
O professor reforça ainda que meninos e adolescentes precisam ter novas percepções de convivência em sociedade, apontando valores e papéis sociais para que esses jovens entendam que certos tipos de comportamentos não são aceitáveis e devem mudar.
“Quando usamos instrumentos e ferramentas para que o menino desconstrua a sua própria identidade, no movimento de torná-lo protagonista de suas ações, estamos permitindo que ele reveja seus conceitos, redefina suas atitudes e reconfigure seus comportamentos diante de uma mulher. É importante conhecer as ferramentas para que ele possa desconstruir essas masculinidades tóxicas.”
Tainah Fernandes