Imbróglio explica por que o partido foi melhor nas corridas para a Câmara do que nas disputas para o Senado nas midterms
Durante muito tempo, o Partido Republicano usou a bandeira da oposição ao aborto para mobilizar o eleitorado mais conservador. Nos EUA, onde o voto não é obrigatório, não basta conquistar a preferência do eleitor; é preciso também motivá-lo para sair de casa e visitar a urna. Funcionou.
Posições antiaborto, ou “pró-vida”, como eles gostam de dizer, tornaram-se “mainstream” entre os republicanos. O presidente Donald Trump fez questão de nomear para a Suprema Corte três juízes contrários à prática. E eles não perderam tempo. Tendo a maioria da corte, repeliram Roe vs. Wade, a decisão de 1973 que assegurava nacionalmente às mulheres o direito de interromper a gravidez.
Em vários estados do Sul e do Meio-Oeste, regras extremamente restritivas passaram a valer automaticamente.
A história de sucesso acaba aqui. Bandeiras pró-vida caíam bem entre os mais conservadores, mas não no conjunto da população. Mais de 40 anos de aborto legalizado fizeram com que o direito da mulher de decidir sobre o próprio corpo fosse incorporado à preferência média do cidadão americano.