Nobel de Literatura participou de mesa neste sábado (26) com a escritora gaúcha Veronica Stigger
Os aplausos demoraram a cessar quando a Nobel de Literatura Annie Ernaux entrou no palco da 20ª Festa Literária Internacional de Paraty na tarde deste sábado (26). Ela participou da mesa “Diamante rubro” ao lado da escritora gaúcha Veronica Stigger e da mediadora, a editora e crítica literária Rita Palmeira.
— Boa tarde a todos. Estou muito feliz de estar aqui. Espero que possamos ficar uma hora juntos falando de literatura e da vida, porque são a mesma coisa — disse a escritora francesa, novamente aplaudida com entusiasmo pela plateia.
Ernaux falou sobre literatura, aborto, vergonha social e o conceito de “trânsfuga de classe”, que anima suas obras. Após ressaltar a presença expressiva de mulheres nesta edição da Flip, a mediadora perguntou a Ernaux sobre o Prêmio Nobel. A francesa estava na cozinha de casa, acompanhada dos dois gatos, quando ouviu no rádio que havia sido premiada pela Academia Sueca. Naquele momento, sentiu-se partida ao meio, como se estivesse, ao mesmo tempo, em casa e lançada ao mundo pelo prêmio, que chamou de “esmagador”. Afirmou ainda desejar que o prêmio não a impeça de desfrutar a velhice.
— Tive a sensação de que talvez o Nobel me impedisse de viver intensamente um período da minha vida. Pode ser surpreendente para alguns que eu considere a velhice um período intenso. A velhice não é o inverno da vida, mas uma quinta estação, diferente das outras, com novas sensações, novos pensamentos e novas maneiras de considerar os outros e as coisas — disse. — A velhice é um período rico, não é um fracasso, como dizia o general De Gaulle na minha infância. Vou assumir o peso do prêmio Nobel, mas com certos limites.