Em debate, a campanha de prevenção ao HIV/Aids lançada pelo Ministério da Saúde no Carnaval de 2010: assista às entrevistas exclusivas concedidas à Agência Patrícia Galvão
Ações de prevenção à Aids revelam-se insuficientes
O médico Alexandre Grangeiro (FMUSP) critica política de prevenção do Ministério da Saúde
Camisinha. Com amor, paixão ou só sexo mesmo. Use sempre.
Este é o slogan da campanha para prevenção ao HIV/Aids que o Ministério da Saúde preparou para o Carnaval 2010 tendo como foco jovens na faixa etária de
A campanha é dirigida para quem tem relação estável ou casual. São três vídeos, um para as meninas, um para os jovens gays e o outro (a ser veiculado no período pós-carnaval) de incentivo à realização do teste de HIV. Em ambos a protagonista é uma camisinha falante que alerta os jovens para o uso do preservativo. Uma das vozes é da atriz Luana Piovani, que aderiu à campanha sem cobrar cachê.
Entre jovens, epidemia de Aids é mais feminina e gay
Na faixa etária de
E para os homens dos 13 aos 24 anos, a principal forma de transmissão é a homossexual. Dados de 2007 mostram que entre os jovens do sexo masculino, a transmissão é maior entre homossexuais (39,2%) do que em heterossexuais (22,2%).
Diversos fatores explicam a maior vulnerabilidade dos jovens para a infecção pelo HIV. Segundo Mariângela Simão, diretora do Departamento de DST/Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, entre as meninas as relações desiguais de gênero e o não reconhecimento de seus direitos, incluindo a legitimidade do exercício da sexualidade, contribuem para que elas não se protejam.
Já no caso dos jovens homossexuais, falar sobre sexo é ainda mais difícil do que para os heterossexuais. “Eles sofrem preconceito na escola e, muitas vezes, na família. Isso faz com que baixem a guarda na hora de se prevenir, o que os deixa mais vulneráveis ao HIV”, explica Mariângela Simão.
Mudando a estratégia
As principais peças da campanha de 2010 são os vídeos, jingles, cartazes e folderes. E este ano o Ministério da Saúde adotou uma estratégia diferente, criando duas mensagens que serão veiculadas antes e depois do carnaval.
Antes do carnaval – A mensagem é de prevenção. Com o slogan “Camisinha. Com amor, paixão ou só sexo mesmo. Use sempre”, a campanha quer atingir tanto os apaixonados quanto quem quer apenas curtir. São dois vídeos, um direcionado às meninas e o outro, aos jovens gays. Em ambos, o protagonista é uma camisinha falante que alerta os jovens para o uso do preservativo, pedindo para não ser esquecida.
Depois do carnaval – Para depois do carnaval, a mensagem é sobre o teste de HIV: quem fez sexo sem camisinha, no carnaval ou não, deve fazer o teste. No vídeo, o preservativo também é protagonista e fala a um jovem que não consegue dormir sobre a importância de realizar o exame anti-HIV.
Acesse a matéria do Jornal Nacional – 06/02/10 em pdf
Visite o site da Campanha Carnaval 2010
Mais dados do Ministério da Saúde
“Entre 2000 e junho de 2009, foram registrados no Brasil 3.713 casos de aids em meninas de
A Pesquisa de Conhecimentos, Atitudes e Práticas da População Brasileira, lançada pelo Ministério da Saúde em 2009, também ajuda a explicar a vulnerabilidade das jovens à infecção pelo HIV. De acordo com o estudo, 64,8% das entrevistadas entre 15 e 24 anos eram sexualmente ativas (haviam tido relações sexuais nos 12 meses anteriores à pesquisa). Dessas apenas 33,6% usaram preservativos em todas as relações casuais, as que apresentam maior risco de infecção.
Nos homens, 69,7% dos entrevistados eram sexualmente ativos. Entre eles, porém, o uso da camisinha é maior: 57,4% afirmaram ter usado em todas as relações com parceiros ou parceiras casuais.
Gays – Na faixa etária de
Nas escolas – O carro-chefe das ações de prevenção à Aids e outras doenças sexualmente transmissíveis é o programa Saúde e Prevenção nas Escolas (SPE), uma iniciativa dos ministérios da Saúde e da Educação. Criado em 2003, o SPE tem como objetivo central desenvolver estratégias para redução das vulnerabilidades de adolescentes e jovens. As ações se dão de forma articulada entre escolas e unidades básicas de saúde. Hoje, 50.214 escolas de todo o país participam do programa.
A iniciativa trabalha a inclusão, na educação de jovens das escolas públicas, dos temas saúde reprodutiva e sexual. O SPE reúne ações que envolvem a participação de adolescentes e jovens (de
Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais
Tel.:
www.aids.gov.br – [email protected]
Atendimento ao cidadão: 0800 61 1997 e
Indicação de fontes
Alexandre Grangeiro – médico e pesquisador
Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP
São Paulo/SP
Tel.:
Fala sobre: políticas de Aids; segmentos vulneráveis
Regina Barbosa – médica e pesquisadora
Núcleo de Estudos de População da Unicamp
São Paulo/SP
Tel.:
Fala sobre: saúde coletiva; políticas de Aids; prevenção, controle, diagnóstico e tratamento da Aids entre mulheres
Mafoane Odara Poli Santos– psicóloga e pesquisadora do Nepaids
Núcleo de Estudos para a Prevenção da Aids (Nepaids) do Instituto de Psicologia da USP
São Paulo/SP
Tel.:
Fala sobre: juventude e sexualidade; vulnerabilidade das meninas ao HIV/Aids
Vera Paiva – psicóloga e pesquisadora do Nepaids
Núcleo de Estudos para a Prevenção da Aids (Nepaids) do Instituto de Psicologia da USP
São Paulo/SP