(Agência Patrícia Galvão)
Rio de Janeiro, 4 de dezembro de 2010
Mesa de Encerramento – Horizonte Futuro: Mulheres no Poder e a Mídia
Nilcéa Freire – ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres
Liège Rocha – União Brasileira de Mulheres
Nilza Iraci – Articulação de Organizações de Mulheres Negras Brasileiras
Rosa de Lourdes Azevedo – Rede Nacional Feminista de Saúde
Silvia Camurça – Articulação de Mulheres Brasileiras
Tatau Godinho – Marcha Mundial de Mulheres
Coordenadora: Maria de Lourdes Rodrigues – Liga Brasileira de Lésbicas
Clique aqui para ler a matéria completa sobre a Mesa Horizonte Futuro, Mulheres no Poder e a Mídia (por Angela Freitas)
Veja a seguir alguns destaques desta mesa:
“Meios de comunicação e reforma política são dois itens centrais. O monopólio dos meios de comunicação é vertical e horizontal, e precisamos discutir sobre a falta de espaço para os setores sociais e para o debate sobre os temas das mulheres. (…) No sistema político atual há compra de votos, a eternizacao nos cargos e uma mercantilização absurda da política, na qual o financiamento privado é o aspecto mais nefasto. Qual é a agenda da reforma política real? Democracia a meias não favorece mulheres, negros e setores discriminados. Se o movimento de mulheres quer obter um conteúdo de mudança precisa incidir nesse debate.” Tatau Godinho – Marcha Mundial de Mulheres
“O Estado ainda deve muito às mulheres. Há denúncias cotidianas de maus-tratos, gestações sem desejo, abortos inseguros solitários, que só quem trabalha com as mulheres de periferia sabe o fardo que elas carregam. Chega de condenações! As mulheres não merecem condenação por parte da Igreja, do Estado, da família. Para condenar é preciso cumprir leis, como a do Planejamento Familiar e a Lei Maria da Penha, e executar o Plano Nacional de Políticas para as Mulheres. Chega de ficarmos brigando para acontecer o que está colocado como direito. A questão da saúde é prioridade, que precisa ser esclarecida nos meios de comunicação, que devem denunciar e discutir o tema da violação dos direitos das mulheres nesse campo.”
“Dilma Rousseff nos representa enquanto ‘o sofrimento de ser mulher’. (…) Sabemos que vai ser complicado, e que só vai acabar quando for eliminada a ganância dos partidos pelas pastas. (…) Não querem discutir perfil técnico, querem só o político.” Rosa de Lourdes Azevedo – Rede Nacional Feminista de Saúde
“Nilcéa Freire foi pioneira, como primeira reitora a introduzir o sistema de cotas na universidade (UERJ). Em todos os espaços por onde estivemos ela fez defesa ousada e intransigente da questão racial e da questão das mulheres negras. Se Dilma aproveitar essa potência, tenho tranquilidade de que onde quer que (Nilcéa) esteja, a questão racial vai estar colocada de maneira correta e intransigente.”
‘Sobre o episódio do Morro do Alemão – que segundo contou a jornalista Laura Capriglione (Folha de S.Paulo) expõe a questão racial através da relação de mortos (levantada no IML) -, a jornalista vocalizou o que nós do movimento negro estamos dizendo há muito tempo: há um genocídio de jovens negros nas favelas. E é preciso que alguém desse espaço de poder (a mídia) vocalize, para chamar atenção. Meu sonho era fazer uma grande caravana de mulheres para o Complexo do Alemão, para dizer que estamos solidárias e atentas.” Nilza Iraci – Articulação de Organizações de Mulheres Negras Brasileiras
“Os ataques a Dilma na mídia tinham uma conotação pelo fato de ela ser mulher. Três questões me chamaram atenção: a forma de descaracterizar a mulher, ou de caracterizar como prostituta (em charge), desmoralizando tanto a candidata como as companheiras que têm uma profissão e têm o direito a esta opção; o fato de se ter levantado, com conotação moral, um suposto caso de Dilma com a empregada doméstica, agredindo também as companheiras lésbicas; e a questão do aborto, com demonstração clara de que era um ataque à moral e ao direito de decidir das mulheres e, principalmente, ao Estado laico.”
“Com relação à mídia, acho que devemos garantir espaço e voz para o movimento feminista na televisão pública.”
“Não podemos esperar que Dilma tenha uma postura de feminista. Mas ela deve incorporar nossas bandeiras e reivindicações, para que essas políticas sejam implementadas de forma a contribuir para um mundo de igualdade entre homens e mulheres.” Liège Rocha – União Brasileira de Mulheres
“Paridade política não se faz em um sistema injusto, social e economicamente. O jogo de forças internacional dificulta isso, com uma agenda antidireitos grande.”
“Vamos ter muita luta para enfrentar os limites nas políticas de Saúde, Educação, Segurança, na política redistributiva e no controle de capitais. Vamos confrontar o conceito de política familista e cristã, dada a forca desses setores no Congresso.”
“Vamos ter que brigar pelos conselhos de comunicação social e a OAB vai ser nossa inimiga declarada nessa briga.”
“Telecomunicações e redes são um desafio tremendo. Nos doze anos de privatização o custo da telefonia aumentou muito. 47% dos municípios brasileiros têm alta velocidade, mas onde não há lucratividade não tem velocidade. Há um processo de exclusão digital concentrado em setores de áreas. Temos companheiras da Articulação de Mulheres Brasileiras que não conseguem enviar fotos pela Internet, ou participar de conferências telefônicas. A luta continua!” Silvia Camurça – Articulação de Mulheres Brasileiras
“O único momento em que a questão da lesbianidade esteve pautada na campanha eleitoral foi para desqualificar a candidata Dilma Rousseff, como na questão da parceria civil entre pessoas do mesmo sexo. Foi lamentável o que aconteceu na campanha presidencial, enquanto desqualificação deste sujeito político.” Maria de Lourdes Rodrigues – Liga Brasileira de Lésbicas
“Um legado do movimento feminista brasileiro é a apropriação de seu ideário libertário pelos movimentos populares de mulheres, de que é exemplo a Marcha das Margaridas. A pauta feminista vai sendo incorporada por elas e pelo movimento sindical brasileiro, que introduz em suas disputas e nas pautas de negociação coletiva, o tema da igualdade e corresponsabilidade entre homens e mulheres.”
“O principal legado desse período da SPM (Secretaria de Políticas para as Mulheres) não está somente nos seus acertos e conquistas, mas também no que está representado por suas dificuldades e obstáculos, pelo que não conseguiu fazer, pelo que não conseguiu impor ao conjunto do governo. A partir daí é preciso pensar a institucionalidade para o futuro.”
“Para enfrentar as desigualdades entre as mulheres é preciso ter a clareza de combinar a agenda específica e tradicional do movimento feminista com a agenda do desenvolvimento, a agenda econômica. Não vamos avançar se não entrarmos no coração da política salarial e da empregabilidade.” Nilcéa Freire – ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres
Clique aqui para ler a matéria completa sobre a Mesa Horizonte Futuro, Mulheres no Poder e a Mídia (por Angela Freitas)
[Acesse a cobertura sobre as outras mesas de debate do Seminário A Mulher e a Mídia 7]
Seminário Nacional
Rio de Janeiro, 2 a 4 de dezembro de 2010
A Mídia e as Mulheres no Poder
Realização: Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM), Instituto Patrícia Galvão e Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (Unifem)