Alepi derruba veto e impõe censura ao debate sobre gênero nas escolas estaduais

11 de maio, 2016

(Gazeta Web, 11/05/2016) Sessão na Casa é marcada por grupos que se declaram ‘pró-família’

A maioria governista na Assembleia Legislativa Estadual (ALE) voltou a decepcionar o Palácio República dos Palmares, na tarde de ontem, durante a apreciação de vetos governamentais ao Plano Estadual de Educação (PEE). Na questão mais polêmica, que tratava da discussão de gênero em sala de aula – como forma de prevenir preconceitos contra homossexuais e mulheres –, os deputados não pouparam discursos emotivos, de juízo de valor e sem fundamentação técnica.

Depois de duas horas de debates, concentradas no artigo 12, que continha uma emenda da Casa contra qualquer debate sobre gênero em sala ou no ambiente escolar, eles derrubaram por 15 votos a quatro o veto integral do governador Renan Filho (PMDB).

Nem o deputado Cícero Cavalcante (PMDB), aliado político e fraterno da família Calheiros, ficou do lado do governo.

Durante os pronunciamentos, o deputado Bruno Toledo (PSDB) voltou a se posicionar em “defesa da família” e dos valores cristãos que lhe impediam de aceitar que no ambiente escolar, de ensino fundamental, sejam discutidos aspectos da sexualidade e de afeto entre pessoas do mesmo sexo.

“Não quero que meu filho trate de temas como esse na escola, incentivando uma situação como essa [falando sobre a homossexualidade]. Não estou criminalizando, mas não é compatível com nossa cultura. Me rotulem como quiserem, mas não aceito que esses assuntos sejam levados às salas de aula com crianças”, completou o parlamentar, mesmo sem ter filhos matriculados na escola pública.

Para sustentar sua defesa na tribuna da Casa, ele apresentou uma suposta cartilha e leu parte do material, que deveria ser discutido numa escola municipal, que, ao definir o afeto entre pessoas do mesmo sexo, continha a foto de dois super-heróis de histórias em quadrinhos se beijando.

Envolvida com o processo de discussão do PEE na ALE, a deputada Jó Pereira (PMDB) defendeu o projeto, lembrando que em nenhum momento ele se apresentava tendo como base cartilhas ou material previamente definido sobre o tema. Mas garantiria o espaço para o debate, já que gênero vai além da questão do relacionamento entre pessoas do mesmo sexo.

“É a discussão também sobre a violência contra a mulher, por exemplo, que precisa, sim, ser discutida. O plano, em sua totalidade, não fala da ideologia de gênero. São muitos outros pontos e metas que estão postos”, tentou argumentar a deputada.

Já Ronaldo Medeiros (PMDB), que presidia a sessão na condição de presidente em exercício, mas também ia para o plenário para se manifestar, também tentou, mas não convenceu os deputados a mudarem de voto.

Marcos Rodrigues

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