Cobertura de mamografias de rastreamento no SUS foi inferior a 35% em todos os estados do país

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Foto: Pixabay

10 de outubro, 2024 Folha de S. Paulo Por Luana Lisboa

Roraima foi a unidade federativa com a menor cobertura, de 6,7%, e o Paraná com a maior, de 33,6%

A cobertura de mamografias de rastreamento —exame para prevenir e identificar o câncer de mama em fase inicial— no SUS (Sistema Único de Saúde) em todas as unidades federativas foi inferior a 35% no biênio de 2022 e 2023, aponta relatório do Inca (Instituto Nacional de Câncer) lançado no dia 1º de outubro.

A grande variação entre os estados aponta para uma desigualdade no acesso ao exame: a menor cobertura foi em Roraima, de 6,7%, e a maior no Paraná, 33,6%.

O número de mulheres rastreadas foi identificado com a implantação do Siscan (Sistema de Informação do Câncer), e, portanto, nas unidades da federação que apresentam menos de 90% da implementação do sistema nos serviços de mamografia não foi possível calcular a cobertura de rastreamento —são elas: Amapá, Piauí, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul.

O Siscan é restrito ao SUS e, portanto, considerou-se apenas o percentual da população feminina usuária exclusivamente do sistema.

Nos SUS, a mamografia de rastreamento é indicada para mulheres de 50 a 69 anos sem sinais e sintomas de câncer de mama, a cada dois anos. Já o procedimento nomeado apenas como “mamografia” tem finalidade diagnóstica e pode ser feito por pessoas de qualquer idade. Em 2023, foram realizadas 4,4 milhões mamografias em mulheres no SUS, sendo 395,4 mil mamografias e 4,02 milhões de mamografias de rastreamento.

Os resultados apontaram ainda que as regiões Norte e Centro-Oeste apresentam a maior parte das suas unidades federativas com menores coberturas (menos de 20%).

Para redução dessas desigualdades, é necessário acompanhar de perto a cobertura desse exame na população em cada território de responsabilidade das UBSs (Unidades Básicas de Saúde), diz Mônica de Assis, sanitarista da Divisão de Detecção Precoce e Apoio à Organização de Rede, da Coordenação de Prevenção e Vigilância do Inca.

“Isso inclui a busca ativa de mulheres da comunidade que estão na faixa etária alvo. Ao mesmo tempo, é preciso ampliar ações educativas com as comunidades para que compreendam o que é o rastreamento e possam participar desse processo exercendo a sua autonomia. O medo do câncer e o estigma relacionado historicamente à doença, bem como receio e vergonha de fazer os exames, podem ser fatores culturais que dificultam a ampliação da cobertura”, acrescenta.

Portanto, é importante que os municípios possam aderir e otimizar os recursos destinados ao procedimento. O relatório divulga materiais de apoio que devem orientar as práticas nos municípios e estados.

A publicação aponta ainda que o Brasil teve uma melhora discreta na quantidade de mamografias de rastreamento feitas em 2023, superando o patamar pré-pandemia de 2019 na maioria dos estados. Apenas Amazonas, Alagoas, Pernambuco, Espírito Santo, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul ficaram pouco abaixo da produção de 2019.

A pandemia foi responsável por uma queda de 41% na produção de mamografias de rastreamento em 2020 comparado à 2019. Já as mamografias com finalidade diagnóstica tiveram uma produção mais estável no período.

A publicação mostra avanços na adesão às diretrizes para a detecção precoce do câncer de mama ao concentrar a produção de mamografias na faixa etária que tem o balanço mais favorável entre benefício e riscos (mulheres de 50 a 69 anos), diz Assis.

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