No segundo texto da série sobre a representatividade feminina nas eleições, o ‘Nexo’ mostra como os candidatos buscam o voto desse grupo que tem tudo para ser decisivo em 2018
(Nexo – 03/09/2018 – acesse no site de origem)
O eleitorado feminino se tornou um público a ser atingido pelas candidaturas à Presidência até o primeiro turno das eleições, em 7 de outubro. Mulheres são a maioria entre o universo total de eleitores (52,5%) e também as mais numerosas entre quem declara não saber em quem votar ou manifesta intenção de anular ou votar em branco.
Esse retrato do eleitorado sem candidato foi confirmado pelas primeiras pesquisas de intenção de voto divulgadas em agosto, após o início oficial da campanha, dia 16. Em cenário com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva entre os candidatos, o percentual de brancos, nulos e “não sabe” soma 22%. Sem o petista, que pode ficar de fora em razão da Lei da Ficha Limpa, o índice chega a 38%.
26% das mulheres não têm candidato, ante 17% do eleitorado masculino, no cenário com Lula, segundo Ibope de agosto
44% das mulheres não têm candidato, ante 30% do eleitorado masculino, nos cenários sem Lula, segundo Ibope de agosto
Diante de um cenário ainda tão indefinido, atrair a atenção desse segmento pode ser determinante para definir quem vai para o segundo turno.
Do discurso à prática Antes mesmo do início formal da campanha, candidaturas já sinalizavam preocupação com o eleitorado feminino ao, por exemplo, incluírem mulheres como vice-candidatas – caso das senadoras Kátia Abreu, na chapa de Ciro Gomes, e Ana Amélia, na chapa de Geraldo Alckmin.
Já a candidata Marina Silva (Rede) tem explorado em seus discursos a própria figura, por meio de declarações nas quais se apresenta como mulher, mãe e negra – algo que aparece desde a pré-campanha e se intensificou em debates e na propaganda de TV. Em outros momentos, a ex-ministra explorou a questão do gênero para atingir adversários, a exemplo do embate que travou com o deputado Jair Bolsonaro (PSL) no debate na Rede TV. Alckmin também explorou, na propaganda eleitoral, episódios em que Bolsonaro aparece xingando mulheres.
O Nexo verificou os planos de governo dos 13 candidatos entregues à Justiça Eleitoral para saber se há e quais são as propostas de políticas públicas voltadas às mulheres. Dez dos presidenciáveis fazem ao menos uma menção a esse eleitorado, em geral relacionadas a ações de segurança pública e mercado de trabalho. A ordem abaixo segue o desempenho dos candidatos na pesquisa do instituto Datafolha divulgada em 22 de agosto.
Por Lilian Venturini