Como o movimento de mulheres no Brasil contribuiu para construção do SUS
Programa de saúde feminina criado em 1983 foi reação à disseminação de métodos contraceptivos por instituições acusadas de promover ‘esterilização em massa’.
(HuffPost | 12/11/2020 | Por Marcella Fernandes)
Criado pela Constituição de 1988 após anos de luta do movimento sanitário na década de 1970 e 1980, o SUS (Sistema Único de Saúde) contou com contribuição substancial do movimento de mulheres para se concretizar. A criação de um modelo de “serviços públicos de saúde coletiva e assistência médica integrados” era um dos pleitos da Carta das Mulheres Brasileiras aos Constituintes, entregue em 1987. Mas já no início daquela década a articulação feminina para garantir um acesso amplo à saúde no Brasil ganhava força.
Em 1983, no governo de João Batista Figueiredo – último presidente da ditadura militar – foi criado dentro do Ministério da Saúde o Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM). “A demanda por saúde era muito forte no movimento de mulheres no Brasil. Os grandes grupos feministas tinham como centro questões associadas à saúde, à contracepção, planejamento familiar”, conta a médica Ana Maria Sousa, responsável pelo programa e fundadora do Grupo Temático Gênero e Saúde da Abrasco (Associação Brasileira de Saúde Coletiva).