(Globo) O jornal reproduziu artigo assinado pelo jornalista Nicholas D. Kristof, do The New York Times, que aborda a questão populacional em países pobres, em especial no continente africano.
Em seu texto o jornalista defende a relação entre rápido crescimento populacional e a pobreza, instabilidade e conflito.
“Nas áreas rurais da República do Congo, o outro Congo ao norte, descobrimos que mesmo quem já conhecia a
contracepção a achava muito cara. Mais espantoso, todas as clínicas e hospitais que visitamos na República do Congo
disseram que só venderiam contraceptivos a mulheres que levassem seus maridos com elas, para provar que eles
tinham aceitado o controle”, escreve o jornalista.
Nicholas Kristof analisa que, embora os preservativos sejam de certa forma mais fáceis de se obter, muitos homens ainda resistem a usá-los. “A impressão é que os homens sentem orgulho de uma prole numerosa como sinal de virilidade”, diz Kristof.
Com base em estudo do Instituto Guttmacher (EUA), dar acesso a métodos contraceptivos para 215 milhões de mulheres no mundo que são sexualmente ativas e não desejam engravidar custaria menos de US$ 4 bilhões, o equivalente ao que os Estados Unidos gastam em duas semanas de guerra no Afeganistão.
Além do mais, “cada dólar empregado em contracepção cortaria o dispêndio médico total em US$ 1,4 bilhão ao reduzir os gastos com nascimentos não planejados e abortos, segundo o estudo”.
“Se a contracepção estivesse amplamente disponível em países pobres, informou o documento, mais de 50 milhões de gestações não desejadas poderiam ser evitadas a cada ano. Um resultado disso seriam 25 milhões de abortos a menos por ano. Outro seria salvar as vidas de 150 mil mulheres que hoje morrem por ano no parto.”
Acesse a íntegra em pdf: A pobreza e a pílula, por Nicholas D. Kristof (O Globo – 25/05/2010)