De volta ao debate político, discussão sobre o tema segue na contramação de outros países da América Latina
(O Globo | 17/04/2022 | Por Melissa Duarte)
Aos 15 anos, o teste positivo para gravidez despertou uma miríade de sentimentos em Marina (nome fictício). Sintomas como enjoos e inchaço do corpo se misturavam à culpa e ao medo. A decisão de realizar o aborto não amparado pela lei era clara, mas nada fácil.
— Tive culpa até poucos anos atrás. Senti muito medo de tudo, mas estava muito segura da minha decisão. Hoje, sei que ficaram muitos traumas, que trato em terapia. Como eu tive aquilo (o aborto), sinto que não mereço muita coisa: relações amorosas, relações saudáveis — conta a jovem, hoje com 24 anos.
Histórias como a de Marina têm espaço destacado na agenda do Congresso Nacional. Levantamento do GLOBO revela que parlamentares apresentaram 16 projetos sobre o tema ao longo de 2021 e outros dez, protocolados anteriormente, tiveram alguma movimentação no ano passado. A maior parte tenta restringir ainda mais a prática, só permitida em casos decorrentes de estupro, de risco de vida para a mulheres e de anencefalia do feto.