Como consequência, há subnotificação e debate sobre descriminalização e políticas públicas para mulheres ficam comprometidas
(Jamile Santana/ Terra) “Não há, nos sistemas de informação de saúde brasileiros, qualquer dado sobre aborto inseguro”. Esta é a conclusão do estudo “Aborto no Brasil: o que dizem os dados oficiais?”, publicado no Caderno de Saúde Pública em 2020, que investigou os dados oficiais sobre aborto e suas complicações no País.
A pesquisa mostrou que, ao não registrar dados incompletos sobre o aborto, o número estimado de casos fica comprometido. O mais grave, no entanto, é não ser possível detalhar em quais circunstâncias aconteceram os óbitos relacionados ao aborto, se eles foram espontâneos ou induzidos, o que empobrece a discussão sobre os riscos à saúde de mulheres que buscam o procedimento em clínicas clandestinas ou em casa, além das políticas públicas em saúde no caso de abortos legalizados. Ou seja, o aborto é uma realidade entre as mulheres que chegam a ser atendidas em unidades de saúde com sequelas de um procedimento muitas vezes mal sucedido, dezenas delas morrem, mas os óbitos não são declarados como consequência do aborto sem assistência médica.