(Folha de S. Paulo, 05/04/2016) Após um ano, os hospitais participantes do projeto parto adequado elevaram a taxa de parto normal de 22% para 31%. Desenvolvido pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) em parceria com o hospital Albert Einstein e o IHI (Institute for Healthcare Improvement , o projeto quer reduzir o número de cesáreas consideradas desnecessárias.
Dos 40 hospitais participantes, 21 conseguiram ampliar a taxa de parto vaginal para 40% seis meses antes do fim do projeto, previsto para agosto.
A realidade fora do projeto ainda é bem diferente. No Brasil, as cesáreas representaram 84,6% dos partos realizados para beneficiários de planos de saúde em 2015. A OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda que os partos cirúrgicos não ultrapassem 15% do total.
“Além disso, estamos observando mudanças positivas também em um dos indicadores mais importantes, a redução da admissão em UTI neonatal, o que nos dá a certeza de estarmos no caminho certo”, diz a diretora de Desenvolvimento Setorial da ANS, Martha Oliveira.
Em seis dos hospitais do programa houve queda. Segundo a ANS, 25% dos óbitos neonatais e 16% dos óbitos infantis ocorridos no Brasil estão relacionados à prematuridade. A cesárea sem indicação médica aumenta em 120 vezes a probabilidade de problemas respiratórios para o recém-nascido e triplica o risco de morte da mãe.
Além dos riscos para o bebê e para a mãe, a internação em UTI neonatal também eleva os custos hospitalares.
Para reduzir o percentual de cesáreas sem tirar da grávida o direito de escolha do obstetra, o projeto trabalha com três modelos de atendimento da mulher em trabalho de parto: 1) equipe de plantonistas; 2) enfermeiras obstetras e acompanhante; 3) equipe de médicos que atendem a grávida no pré-natal.
Nesse último modelo, a gestante pode ser atendida por até quatro médicos durante seu pré-natal. Um desses ficaria de sobreaviso para fazer seu parto.
Fabiana Futema
Acesse o PDF: Após projeto, hospitais elevam taxa de parto normal e reduzem a de internação em UTI neonatal (Folha de S. Paulo, 05/04/2016)