(O Globo, 17/02/2015) O Brasil foi um dos que mais avançaram na redução da pobreza e da desigualdade de renda nos últimos 15 anos. Sete dos oito desafios do milênio foram atingidos, de acordo com o Pnud no Brasil. A exceção ficou na meta para a saúde da mulher, que trata da morte em decorrência de doenças relacionadas à gravidez e ao parto. A taxa de mortalidade materna no Brasil é de 64 óbitos a cada 100 mil nascidos vivos.
O representante do Pnud no Brasil, Jorge Chediek, faz ainda a ressalva de que no caso brasileiro, embora tenha sido atingida a meta de reduzir à metade os lares sem acesso a água e esgoto, dentro do desafio de sustentabilidade ambiental, os resultados ainda são muito fracos.
— Nos anos 90, os indicadores humanos no Brasil eram de um país de Terceiro Mundo. Agora, é preciso avançar em termos de qualidade da educação, do saneamento e da saúde materna.
Mas há quem considere as metas pouco ambiciosas para países como o Brasil. Segundo o presidente do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (Iets), Simon Schwartzman, a discussão a respeito das Metas do Milênio não faz sentido em uma economia de renda média, como a brasileira.
— Essas metas foram traçadas para países mais pobres, como os da África. O Brasil está acima disso há muito tempo. Temos muitos problemas, que são uma crise hídrica, a má qualidade da educação, mas não são os problemas quantitativos das metas — avalia.
E não foram as metas traçadas pela ONU que levaram o mundo a avançar em termos sociais nos últimos anos, avalia o coordenador de Política da ActionAid, Sameer Dossani.
— Brasil e China tiveram bons desempenhos, mas se tirarmos os dois países, grande parte do progresso obtido com as metas do milênio desaparece — afirma Dossani.
Clarice Spitz
Acesse o PDF: Brasil não atinge desafios do milênio em saúde materna (O Globo, 17/02/2015)