(Marina Pita/Agência Patrícia Galvão, 07/06/2016) A Organização Mundial da Saúde (OMS) já admitia a relação entre zika e o aumento no número de bebês nascidos com microcefalia e demais alterações do Sistema Nervoso Central. A amplitude das alterações (considerando as evidências existentes e dados ainda não publicados) fez a OMS considerar a descoberta de uma nova síndrome congênita – algo que os profissionais de saúde do Brasil já tratam como fato há meses, mas as exigências de comprovações científicas ainda impediam sua divulgação desta forma.
Para dar início ao processo de definição do que vem sendo chamada de síndrome congênita do zika, a OMS, conforme editorial publicado em sua página online, faz um chamado público de compartilhamento de dados para além do tamanho da circunferência craniana (microcefalia), a faceta mais visível da síndrome.
“A OMS vai precisar de bons relatórios pré e pós-natal, dados de acompanhamento, resultados laboratoriais, a exclusão de outras etiologias e análise dos achados de imagem para delinear adequadamente esta síndrome. O escopo da síndrome irá expandir quanto maior o número de informações e o tempo de acompanhamento das crianças afetadas”, diz a nota.
A organização frisa a importância de o sistema de vigilância da epidemia e seus impactos na população irem além da notificação de microcefalia. “Esta orientação de vigilância tem sido expandida para incluir um espectro de malformações congênitas que podem ser associados com a infecção intra-uterina”.
Para a definição da síndrome congênita do zika, há barreiras há serem superadas, avalia a OMS. É preciso que haja um efetivo compartilhamento de informações. Poucos relatórios retratam uma ampla gama de anormalidades, mas a maioria dos dados relacionados à manifestação congênita do zika ainda não foi publicada e organizações globais de saúde e financiadores de pesquisa se comprometeram a compartilhar dados e descobertas relevantes à zika.
Por fim, a OMS convida todos a se somarem aos esforços de definição da síndrome congênita do zika por meio de uma ação coordenada de compartilhamento de dados, vigilância adequada e pesquisas.