A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) – por meio do seu Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz) – a Sanofi Pasteur e o Walter Reed Army Institute of Research (WRAIR) – Laboratório do Departamento de Defesa dos Estados Unidos – assinaram acordo de colaboração para o desenvolvimento de uma vacina contra o vírus zika. As três organizações de pesquisa têm um histórico de colaboração no desenvolvimento de vacinas contra flavivírus.
(Blog da Saúde, 11/11/2016 – acesse no site de origem)
De acordo com os Princípios de Colaboração, as atividades da Fiocruz deverão complementar as atividades do WRAIR e da Sanofi, aumentando assim a probabilidade de sucesso no desenvolvimento e registro de uma vacina segura e eficaz contra o zika. Com base na parceria com o WRAIR, as áreas de pesquisa da Fiocruz podem incluir o desenvolvimento do processo, a caracterização da vacina, estudos epidemiológicos, avaliação pré-clínica e clínica da vacina, assim como a otimização dos estudos clínicos.
“Desde a declaração de emergência sanitária de importância internacional, a comunidade científica mundial se mobilizou para criar subsídios para o entendimento da epidemia causada pelo vírus zika, um vírus agressivo e desconhecido tecnicamente. É a partir da mobilização de grandes instituições que se poderá propor soluções para o enfrentamento, como vacinas”, destacou o vice-presidente de Pesquisa e Laboratórios de Referência da Fiocruz, Rodrigo Stabeli. “O acordo de principio de colaboração entre Fiocruz, Sanofi e o Instituto Walter Reed vem aproximar instituições com competência para se buscar elementos científicos para uma possível vacina. Para a Fiocruz, trabalhar com institutos competentes deve ser potencializado desde que se assegure os direitos de acesso as tecnologias desenvolvidas pelo SUS e o povo brasileiro”.
Bio-Manguinhos, unidade da Fundação diretamente relacionada ao acordo, é uma das principais instituições de pesquisa de saúde pública do mundo envolvidas em vacinas – como a meningocócica ACW, febre amarela, poliomielite, rotavírus humano, sarampo, caxumba e rubéola (MMR). O acordo não impede que as três organizações desenvolvam de forma independente as suas próprias vacinas candidatas contra zika ou que colaborem com outras organizações para esta finalidade.
“A Fiocruz, o WRAIR e a Sanofi Pasteur têm uma história de colaboração”, esclareceu o vice-presidente sênior de Pesquisa e Desenvolvimento da Sanofi Pasteur, John Shiver. “Em termos de Saúde Pública, faz todo o sentido que combinemos a nossa experiência e recursos com a Fiocruz, que está idealmente baseada localiza no Brasil, onde está o foco das atuais experiências sobre zika. Temos um objetivo comum de desenvolver uma vacina para prevenir esta emergente ameaça de doença imposta pelo vírus”, afirmou.
Sanofi Pasteur e WRAIR no acordo
O acordo assinado tem como objetivo utilizar tecnologia do WRAIR para o desenvolvimento de uma vacina para zika com o vírus inativado (ZPIV) pela Sanofi Pasteur. De acordo com o documento assinado, o WRAIR, em conjunto com o Instituto Nacional para Alergia e Doenças Infecciosas dos EUA, deve patrocinar e apoiar uma série de estudos fase I para que a Sanofi Pasteur produza a vacina para testes clínicos fase II, em conformidade com as Boas Práticas de Fabricação (BPF, otimizando o processo de fabricação com obtenção de melhores rendimentos e caracteirização da vacina).
Em outubro deste ano, a Biomedical Advanced Research and Development Authority (Barda), do Gabinete do Secretário Adjunto de Prontidão e Resposta do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA, concordou com uma proposta de financiamento para a fabricação pela Sanofi Pasteur da vacina inativada contra zika para o estudo de desenvolvimento de fase II. Além deste financiamento, existe uma opção no contrato que permite à Barda continuar suportando o que seria a fase III, relacionada ao desenvolvimento industrial e clínico da vacina.
Sobre os parceiros do acordo
A Sanofi Pasteur desenvolveu e oferece várias vacinas contra flavivírus. A empresa desenvolveu a sua primeira vacina contra a febre amarela em 1979 e, desde então, disponibilizou mais de 400 milhões de doses; a vacina está registrada em mais de 100 países em todo o mundo. Em 2010, a Sanofi Pasteur registrou sua primeira vacina contra a encefalite japonesa, que agora está registrada em 14 países, com mais de 1,5 milhões de doses comercializadas até agora. Ambas as vacinas contra a febre amarela e encefalite japonesa são registradas em países endêmicos, bem como em outros países, para atender os indivíduos que viajam para países endêmicos. Até agora, a vacina contra dengue da Sanofi Pasteur, a mais nova vacina contra flavivírus da companhia, está registrada para a prevenção da doença em 12 países endêmicos, incluindo o Brasil.
Com sede em Silver Spring, Maryland, o Instituto Walter Reed Army of Research (WRAIR) desenvolve vacinas, medicamentos e diagnósticos para doenças atuais e emergentes, que representam uma ameaça para as operações militares e de prontidão. Com uma grande presença na África e na Ásia, e uma nova unidade na região do Cáucaso, o WRAIR realiza pesquisas onde as doenças infecciosas representam grave ameaça.
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) é uma instituição científica fundada em 1900 para a pesquisa e desenvolvimento em ciências biomédicas, com sede no Rio de Janeiro e em 10 outros estados brasileiros. A Fundação tem um grande compromisso com a saúde e bem-estar da população brasileira. A unidade Bio-Manguinhos/Fiocruz é uma das principais instituições de pesquisa de saúde pública do mundo envolvidas em vacinas – como a meningocócica ACW, febre amarela, poliomielite, rotavírus humano, sarampo, caxumba e rubéola (MMR) – bem como com o desenvolvimento de medicamentos para kits de diagnóstico, treinamento de agentes da saúde pública e de outros trabalhadores da área da saúde. Recentemente, a Fiocruz tem colaborado com a Organização Mundial de Saúde (OMS) para controlar a epidemia de febre amarela na África.
Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)