(O Globo, 05/04/2016 ) Pesquisa revela que vírus pode ter se recombinado com outro, responsável por epidemias na África.
Cientistas chineses identificaram uma mutação no zika que pode estar por trás da rápida propagação do vírus pelas Américas. A alteração encontrada nas linhagens asiáticas do zika, presentes na atual epidemia, são praticamente idênticas às anteriores, a não ser por uma ínfima área do genoma chamada NS2B.
Realizado por pesquisadores da Universidade de Hong Kong, o estudo foi publicado na revista “Emerging Microbes & Infections”. Ele diz que o zika parece ter sofrido uma recombinação (a grosso modo, troca de genes) com o vírus spondweni, que causa uma síndrome febril.
O spondweni é um parente próximo do zika — ambos são flavivírus — e tem provocado surtos na África e na Papua Nova Guiné. Como ele, é transmitido por mosquito. O virologista Zheng Zhu, líder do trabalho, salientou que é preciso realizar novas análises genéticas para saber como a mutação pode ter tornado o zika altamente eficiente em sua disseminação.
Zheng observa que o zika que hoje causa epidemia aparentemente sofreu mudanças significativas no quadro clínico da doença (microcefalia e distúrbios neurológicos) e na transmissão. Ele lembra que mutações já alteraram no passado a agressividade, a capacidade de disseminação e os alvos de flavivírus.
O pesquisador destaca que estudos anteriores não detectaram sinais de recombinação do zika com outros arbovírus, como chicungunha, dengue e febre amarela. Porém, o spondweni ainda não havia sido investigado.
Ana Lucia Azevedo
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