A menina Eloá, de 1 ano e 7 meses, faz parte da primeira geração de bebês vítimas do vírus zika. A mãe teve a doença no início da gestação e ela nasceu com um grau leve de microcefalia, mas com sérios problemas ortopédicos, que a impedem de andar. Eloá operou os dois pés, que eram tortos, e o quadril. As cirurgias foram feitas no Into (Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia), no Centro.
(Metro, 28/08/2017 – acesse no site de origem)
Alterações ortopédicas como a rigidez nas articulações são sintomas comuns em crianças que foram expostas ao vírus, e manifestam-se em cerca de 25% dos bebês que têm a chamada “síndrome da zika congênita”.
Eloá foi a primeira paciente de um trabalho que agora deve ser contínuo no Into. Atualmente, seis crianças aguardam a liberação da cirurgia no hospital.
Dois anos depois dos primeiros casos de microcefalia associada ao zika no Brasil, especialistas ainda não sabem todas as sequelas provocadas pelo vírus. Algumas são esclarecidas à medida em que as crianças afetadas crescem.
Médicos constataram, por exemplo, que mesmo bebês que não nasceram com problemas ortopédicos, podem desenvolvê-los ao longo do tempo e, portanto, precisam ser acompanhados de perto.
“O que a gente pode assegurar é que agora a Eloá pode ser colocada de pé, mesmo que durante a fisioterapia, para melhorar sua autoestima, sua função gastrointestinal, enfim, melhorar sua qualidade óssea. Mas não sabemos se ela vai andar”, esclarece o ortopedista Pedro Henrique Mendes, chefe da pediatria do Into.
Casos registrados
Segundo dados do Ministério da Saúde, em 2016, o Brasil registrou 1.987.678 casos das três principais doenças transmitidas pelo Aedes aegypti: dengue, zika e chikungunya. Só o zika teve 215.319 casos oficializados no ano passado.
Este ano, até março, o Brasil teve a confirmação de outros 165 casos. O Estado com maior número de ocorrências é a Bahia (636 casos), seguido por Rio de Janeiro (402), São Paulo (384) e Pernambuco (315).