(A Crítica, 20/03/2016) O vírus da Zika, estabelecido com a microcefalia e a síndrome neurológica de Guillain-Barré, também pode causar grave doença que atinge a medula, a ‘mielite aguda’. Um caso da enfermidade está sob investigação.
A microcefalia (má-formação congênita do cérebro do bebê) e a síndrome neurológica que causa paralisia, a Guillain-Barré, são doenças relacionadas ao vírus da Zika. Mas, infelizmente, a lista de enfermidades não para por aí.
Enquanto vários grupos sequenciam o genoma do vírus para compreender diversos aspectos do zika, a geneticista Mayana Zatz, diretora do Centro de Pesquisas do Genoma Humano, da USP, tem uma proposta para estudar os genomas das crianças atingidas pela microcefalia ligada ao vírus.
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Um recente estudo divulgado no meio da semana, aponta que a “mielite aguda”, doença que afeta a medula espinhal e traz sequelas aos movimentos dos membros (motores), pode estar evidenciado com o vírus da Zika. Um caso da doença foi identificado em Guadalupe, País caribenho.
O infectologista da Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (FMT/HVD), Sílvio Fragoso, informa que trata-se de uma condição grave, que afeta a medula e impede a adequada transmissão dos impulsos nervosos e pode causar paralisia, e outras sensações.
Segundo Fragoso, provavelmente o vírus da Zika, constatado no paciente em Guadalupe, disseminou para a região da medula espinhal o que resultou na doença. “Neste caso, a disseminação do vírus ocorre semelhante às situações de microcefalia, quando o vírus da Zika infecta a mãe através da corrente sanguínea e chega ao feto”, explicou Fragoso.
Entre os sintomas da mielite, Fragoso ressalta que o paciente pode apresentar a cefaleia (dor de cabeça) intensa, dificuldade de mexer o pescoço, rigidez da nuca e vômitos. “É um quadro semelhante ao da meningite”, alerta o especialista. Além dos sintomas citados, há ainda a sensação de moleza, irritação e fraqueza.
Fragoso enfatiza que caso como este, ocorrido no País caribenho, ainda não foi detectado no Brasil, mas que a população deve ficar alerta para a possibilidade desta outra doença ser transmitida pelo vírus da Zika.
Primeiro Caso
De acordo com informações publicadas no periódico científico The Lancet, uma menina de 15 anos, cujo único histórico de doença era um cisto no ovário, deu entrada no hospital, em Guadalupe, com paralisia em um lado do corpo, que começou com uma dor na coluna lombar, formigamento no lado esquerdo do corpo e fraqueza no braço esquerdo. Sete dias antes ela já havia ido à emergência com dor no braço esquerdo, dor de cabeça e vermelhidão nos olhos (sintoma comum da infecção pelo zika), mas não teve febre.
Sem Vacina para a zika
A infectologista e diretora-presidente da FMT/HVD, Graça Alecrim, ressalta ainda que apesar dos avanços para o diagnóstico do vírus da Zika, ainda não há vacina para a doença disponível no mercado e na rede saúde pública.
“É uma doença nova e no momento ainda não temos medicamentos, a única forma de inviabilizar a transmissão da doença é combatendo o vetor – o Aedes aegypti”, recomenda a infectologista.
Aplicativo sobre ‘Zika’
O “Minha Vida”, maior portal de saúde e bem-estar do País, acaba de lançar um aplicativo sobre o vírus da Zika para levar informação de confiança sobre as causas, sintomas e complicações da doença. “Em meio a tantas incertezas, existe muito boato circulando na internet. E foi por isso que colocamos este serviço à população”, diz Márcia Netto, diretora do Minha Vida.
O aplicativo também trará informações sobre sintomas, diagnóstico e tratamentos da Dengue e da Febre Chikungunya, doenças também transmitidas pelo mosquito Aedes Aegypit. O aplicativo Zika vírus – Minha Vida é gratuito e está disponível para iOS e Android.
1.142 casos
suspeitos de infecção pelo vírus da Zika foram notificados pela Semsa. Desse total, 86 foram confirmados, sendo 44 em gestantes. Os casos de microcefalia totalizam 8 registros, um foi descartado.
Náferson Cruz
Acesse no site de origem: Estudo aponta a relação do vírus da zika com mais uma enfermidade: a ‘mielite aguda’ (acrítica/notícias, 20/03/2016)