(O Globo, 03/03/2016) Relação do vírus com a síndrome Guillain-Barré também será investigada
Marcos Espinal, diretor do Departamento de Enfermidades Transmissíveis da Organização Pan-Americana da Saúde (OPS), afirmou na quarta-feira que novos estudos sobre a ligação do vírus zika com doenças como microcefalia e síndrome de Guillain-Barré devem ser publicados em abril e maio. Ele acrescentou que parcerias criadas em reuniões como a de ontem, que reuniu especialistas de diversos países em Washington, são importantes, pois o mundo precisa de uma resposta rápida para o vírus, que pode causar complicações ainda desconhecidas, inclusive em adultos.
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— Tivemos mais de 135 mil casos notificados de zika em 31 países e territórios, mas isso não reflete a situação real, pois há falta de meios para confirmar a doença. Além disso, mais de 80% dos casos de zika não geram sintomas — disse ele, que estima que mais de 1,5 milhão de pessoas já se contagiaram com o vírus.
Espinal afirmou que só o Brasil e a Polinésia Francesa tiveram casos de microcefalia com suspeita de ligação com a zika. No entanto, ele acredita que outras nações poderão enfrentar esse problema. O diretor da OPS citou o caso da Colômbia, que vive um surto iniciado no fim de outubro — ou seja, talvez ainda não tenha havido tempo para que os fetos com problemas tenham nascido.
Ele confirmou que, em alguns casos, a microcefalia é tão severa que pode ser considerada um tipo de anencefalia (quando o bebê não tem cérebro). Apesar disso, não quis entrar na polêmica sobre se o Brasil deveria liberar o aborto nesses casos, afirmando que faz parte de um organismo internacional que respeita as leis de cada país.
Representante da Fiocruz, Paulo Buss afirmou que o Brasil está fazendo todo o possível para controlar o Aedes aegypti e que, por enquanto, há apenas hipóteses sendo pesquisadas sobre a possibilidade de o zika ser transmitido pelo pernilongo comum. Segundo ele, a doença é duplamente cruel:
— Vemos que o zika afeta principalmente as pessoas mais pobres, que vivem em habitações sem saneamento.
Lyle Petersen, diretor da Divisão de Doenças Transmitidas por Vetores do CDC, dos EUA, afirmou que, em mais de 20 anos, nunca viu nada semelhante à situação criada pelo zika:
— Em primeiro lugar, precisamos evitar que as grávidas sejam picadas pelo mosquito. Em um segundo momento, temos de saber o motivo de o mosquito estar mais resistente, qual a relação disso com a ampliação do uso de inseticidas, por exemplo.
Acesse o PDF: Estudos sobre zika e microcefalia devem ficar prontos em abril (O Globo, 03/03/2016)