(O Estado de S. Paulo, 27/11/2015) Especialistas debateram nesta sexta-feira em SP as dificuldades de combate ao câncer de colo de útero no País
Doença fácil de prevenir por meio da realização periódica do papanicolau, o câncer de colo de útero no Brasil é diagnosticado majoritariamente em estágios avançados. O problema está ligado à cobertura insuficiente do exame preventivo e à dificuldade de acesso a métodos complementares de detecção e ao tratamento.
Os dados foram apresentados no Fórum Estadão Saúde da Mulher, realizado na manhã desta sexta-feira, 27, no Hotel Renaissance, em São Paulo. O evento teve a participação de oncologistas e especialistas em saúde pública, além de representante do Ministério da Saúde.
De acordo com Angélica Nogueira Rodrigues, do Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (EVA), a pesquisa mostrou que cerca de 70% a 80% dos tumores no País são diagnosticados quando já estão localmente avançados ou espalhados por outros órgãos do corpo.
“Precisamos ultrapassar barreiras, como as culturais, que fazem com que as mulheres não se submetam ao exame, e melhorar o acesso ao papanicolau e a qualidade dele. Do total de exames com erro, 30% são descartados por falta de identificação, uma falha que não deveria acontecer”, disse ela.
O câncer de colo de útero é o terceiro tumor mais incidente entre as mulheres brasileiras, com 15 mil novos casos por ano e 5 mil mortes. “É uma vergonha morrer de câncer de colo de útero no País”, disse Gonzalo Vecina Neto, professor da Faculdade de Saúde Pública da USP. Ele defendeu que a sociedade se articule para exigir maior qualidade na saúde.
Os especialistas também criticaram a lentidão do Ministério da Saúde em oferecer tratamentos inovadores para pacientes com casos avançados de câncer de colo de útero e de mama.
Presente no evento, a diretora do Departamento de Atenção Especializada e Temática do ministério, Maria Inez Gadelha, afirmou que a incorporação de novos medicamentos e tecnologias é discutida por uma comissão técnica, a Conitec, com base em critérios de eficácia e custo. “O tratamento com medicamentos é apenas uma parte. Cerca de 49% dos pacientes são tratados com cirurgia e 40%, com radioterapia”, disse ela.
Acesse o PDF: ‘Fórum Estadão’ discute a saúde da mulher (O Estado de S. Paulo, 27/11/2015)