A maternidade chegou para elas quando elas pagavam por um crime, e agora o filho se tornou se tornou a maior inspiração no processo de reabilitação. Mas para serem vistas como boas pessoas, essas jovens precisam provar que são boas mães?
(UOL, 26/08/2016 – acesse a íntegra no site)
Mickey Mouse e Pica-Pau decoram as paredes do lado de fora. Ao passar pela porta, é possível ver um pequeno sofá. À frente, um tatame colorido forra o chão. Sobre os quadrados desse tapete emborrachado, pufes e estantes com brinquedos para os 12 bebês que vivem ali. O corredor nos leva aos banheiros, sala de TV e dois quartos com camas de solteiro e berços enfileirados. Um armário de ferro e cômodas também fazem parte do dormitório. Até parece um lar, que com seus 283 m² serve de moradia a 14 meninas e seus filhos – dois ainda estão na barriga. Mas essa casa na Mooca, bairro da zona leste de São Paulo, não é visível da rua. O local está dentro de um complexo cercado por portões de ferro e telas de proteção, num nível de segurança um pouco acima do que os outros moradores necessitam. Mas e essas garotas, quem são?
À primeira vista, algumas delas não são muito amigáveis. Oferecem um olhar do tipo “o que você faz aqui?”. Perfeitamente compreensível. Mesmo que temporariamente, ali é a casa delas e de seus filhos. Qualquer mãe se preocupa ao ver um estranho perto de sua cria. Mas, se ao entrar ali a sensação é de invadir um espaço privado, estar lá dentro traz um sentimento de esperança. É como se você entrasse em uma bolha.
“A primeira pergunta é: ‘quanto tempo vou ficar’? E a primeira frustração é a resposta: ‘não sei’. Isso frustra muito e vão se frustrar sempre porque eu realmente não sei”, afirma Ricarda Maria de Jesus, psicóloga responsável por elas.