Gravidade da microcefalia associada ao vírus zika preocupa o governo

11 de março, 2016

(O Globo, 11/03/2016) Ministro da Saúde voltou a repetir que ‘não faltaram nem faltarão’ recursos de sua pasta

O governo não tem dúvidas de que a microcefalia associada ao vírus zika é mais grave e danosa do que a malformação cerebral causada por outras infecções, como rubéola, HIV, sífilis ou citamegalovírus. Segundo o ministro da Saúde, Marcelo Castro, a constatação vem dos estudos que estão sendo realizados, conforme o número de casos confirmados da doença avança no país. Ele disse que o padrão verificado nos exames de imagem aponta para uma microcefalia “mais profunda”, como pesquisadores têm verificado.

— O comprometimento do cérebro pela infecção por zika é maior que nas outras causas de infecção. São crianças que muito provavelmente, na sua maioria, não terão autonomia e independência para se conduzir, precisarão sempre do auxílio de outras pessoas. É uma coisa dolorosa demais — afirmou o ministro.

A declaração foi dada na saída de um evento de combate ao Aedes aegypti, nesta sexta-feira, em Brasília. Primeiro, o ministro foi a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) dar uma palestra a funcionários. Depois, visitou uma escola pública da Estrutural, região carente do Distrito Federal. Ao discursar para os alunos, em tom professoral, Castro explicou as consequências graves da contaminação do zika por mulheres grávidas, ao mesmo tempo em que pediu a colaboração das crianças na eliminação de criadouros:

— As crianças que têm microcefalia muito provavelmente não vão ter o desenvolvimento da inteligência que vocês tiveram, que têm o crânio normal. Não vão desenvolver o cérebro para ser uma criança normal, que possa ir para escola, aprender, ser educada.

Depois do discurso, Castro negou que as declarações façam uma generalização ofensiva das crianças acometidas pela microcefalia ou que sejam um prognóstico pessimista demais, diante dos diferentes níveis existentes da malformação. Quando se trata do vírus zika, destacou o ministro, o dano tende mesmo a ser maior. Por isso, ele defendeu que “com prudência e comedimento para não causar pânico”, as informações, mesmo que ruins, têm de ser dadas com total transparência:

— Temos que passar a informação verdadeira, não podemos ter meias palavras — disse Castro.

O ministro voltou a repetir que “não faltaram nem faltarão” recursos de sua pasta para o combate à zika e à microcefalia. Segundo Castro, em 2016, há R$ 1,8 bilhão para ações de vigilância à saúde, na qual o combate ao Aedes aegypti está, além de um crédito de R$ 500 milhões feito por emenda. Se não for suficiente, de acordo com Castro, ele pode remanejar verbas de outros programas ou ainda pedir, via medida provisória, recursos adicionais. Mas voltou a dizer que não há falta de dinheiro para o “maior” problema atual do Brasil:

— O Brasil não tem nenhum problema tão grave, tão importante, quanto o da zika e da microcefalia.

Renata Mariz

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