(Bem Estar, 16/12/2015) O ideal é fazer duas a três ultrassonografias durante a gestação. Mesmo quem teve sintomas não significa que terá um bebê com alterações.
As dúvidas e medos em relação ao zika vírus continuam tirando o sono dos brasileiros, principalmente das mulheres grávidas ou que pretendem engravidar. Para responder às perguntas que vêm surgindo com as novas descobertas, o Bem Estar desta quarta (16) recebeu a nossa consultora, a pediatra Ana Escobar, o obstetra Adolfo Liao e o virologista Paolo Zanotto.
As mulheres grávidas que não tiveram sintomas de zika devem seguir o pré-natal normalmente. A recomendação é de dois ou três ultrassonografias durante a gestação, sendo que o do meio deve ser morfológico.
A grávida com sintomas de zika não precisa fazer mais ultrassons do que o normal e a infecção não significa que ela terá necessariamente um filho com problemas neurológicos. Mas é preciso que ela procure centros de referência assim que tiver os primeiros sintomas.
Em 80% dos casos de contaminação não há sintomas. Ainda não há remédios que evitem um eventual problema neurológico no bebê. A alteração no sistema nervoso depende da carga viral, das condições de saúde da mãe e do período em que a infecção pelo zika ocorreu. Essas alterações podem ser no tamanho da cabeça e/ou no tecido cerebral.
Ainda não há acesso amplo aos exames de sorologia, que detectam anticorpos contra o zika. O único exame, de acesso restrito, é o que detecta partes do vírus e apenas nos primeiros dias de sintomas. A confirmação da infecção pelo zika por exame de sangue não vai ser feita em todos os casos e o tratamento é sintomático.
Bebê
Ao nascer, o bebê com suspeita de alteração por zika terá a cabeça medida e deve passar primeiro por ultrassom da cabeça e depois, se necessário, por tomografia, para evitar excesso de radiação e sedação (equivale a até 100 raios-x).
O perímetro da cabeça igual ou abaixo de 32 cm é a linha de corte para microcefalia, readequada para evitar número excessivo de suspeitas depois não confirmadas. No novo protocolo, o Ministério orienta que esse diagnóstico também possa ser feito por meio de análises mais detalhadas, independente do perímetro, segundo as curvas padrão de crescimento da OMS, diferente para meninos e meninas.
Os exames de imagem poderão variar segundo a capacidade da rede de atendimento, o acesso à tomografia é mais difícil.
Crianças com diagnóstico fechado de microcefalia por zika têm direito a todos os exames normais da triagem neonatal e a testes extras oculares e auditivos, como o teste auditivo chamado Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico. Trata-se de um exame com eletrodos para checar todas as estruturas auditivas sem a necessidade de participação do paciente.
Há o que se fazer por todas as crianças com alterações do sistema nervoso causadas pelo zika. Elas devem fazer reabilitação para estimular o cérebro pelo menos até os três anos de idade, que é o período em que o cérebro mais se desenvolve.
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