Enquete realizada via plataforma U-Report Brasil com 1,7 mil pessoas revela experiências, impressões e desafios de adolescentes e jovens no Brasil sobre a menstruação
Brasília, 15 de julho de 2021 – A menstruação, por mais que seja um processo natural, ainda é um tabu que afasta adolescentes e jovens da escola e causa constrangimento. É o que mostra uma enquete sobre saúde e dignidade menstrual, realizada pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), por meio da plataforma U-Report, em todo o Brasil. Embora não seja uma pesquisa com rigor metodológico, a enquete traz a visão de mais de 1.730 pessoas, a maioria entre 13 e 24 anos, que responderam voluntariamente. Entre elas, 82% menstruam e 18% não.
A experiência de menstruar é vista como algo muito difícil por 2 em cada 10 participantes da enquete que menstruam. Para 45%, é uma experiência mais ou menos difícil e 34% afirmam que “levam de boa”.
Entre quem menstrua, 62% afirmam que já deixaram de ir à escola, ou outros lugares por causa da menstruação. Além disso, 73% dizem que já se sentiram constrangidas na escola ou em outro lugar público por conta menstruação.
O constrangimento é também notado por quem não menstrua: 58% disseram que já presenciaram essas situações de constrangimento.
“A dignidade menstrual é um direito de cada adolescente e jovem que menstrua. É essencial retirar o tabu em relação ao tema. As escolas têm um papel fundamental nesse processo. Cabe a elas acolher todas as pessoas que menstruam, e contribuir para transformar o ambiente escolar em um espaço acolhedor, sem bullying, e que respeite a todas e todos”, defende Florence Bauer, representante do UNICEF no Brasil.
Dignidade menstrual
Entre adolescentes e jovens que menstruam, 35% afirmaram que já passaram por alguma dificuldade por não ter acesso a absorventes, copinhos, água ou outra forma de cuidar da higiene menstrual.
“A experiência de menstruar tem sido algo difícil para muitas pessoas que menstruam, seja pela falta de insumos, como absorventes, seja pelas condições estruturais, como água e banheiro. Na enquete, ouvimos pessoas que, na falta de recursos mínimos, relataram uso de fralda, pano e até sabugo de milho no período menstrual. Isso tem um impacto profundo no direito de ir e vir, na construção de autoestima e confiança corporal, e na dignidade de pessoas que menstruam”, afirma Astrid Bant, representante do UNFPA no Brasil.
Educação sobre o tema
As informações sobre menstruação ainda não fazem parte da vida escolar. Entre as pessoas que menstruam, 71% disseram que nunca tiveram aulas, palestras ou rodas de conversa sobre cuidados na menstruação na escola. Entre quem não menstrua, 58% nunca tiveram.
As mães aparecem como as principais responsáveis por introduzir o assunto às pessoas que menstruam; em 55% dos casos, foram elas as primeiras a trazer informações sobre o tema. Entre as pessoas que não menstruam, as mães também possuem posição de destaque (27%), ficando atrás somente de começar a aprender por conta própria (30%).
A enquete é um recado que adolescentes e jovens estão dando à sociedade, por meio do U-Report. É essencial garantir espaços seguros de diálogo nas escolas e nas famílias para garantir que os direitos menstruais sejam respeitados.
Sobre a enquete
As enquetes do U-Report são realizadas via internet, utilizando WhatsApp, SMS e Messenger do Facebook, em parceria com a Viração Educomunicação, com mais de 95 mil adolescentes e jovens inscritos. Não se trata de pesquisas com rigor metodológico, mas de consultas rápidas por meio de redes sociais entre pessoas, principalmente de 13 a 24 anos, cadastradas na plataforma. Esta enquete apresenta a opinião de 1,7 mil adolescentes e jovens e não pode ser generalizada para a população brasileira como um todo. Os resultados da enquete completa estão disponíveis em: https://www.ureportbrasil.org.