Menina não é mãe, por Lorena Hakak

Mulheres protestam contra o PL 1904/24 no Rio de Janeiro

Rio de Janeiro (RJ) 13/06/2024 – Manifestação de protesto contra o PL 1904/24, que equipara aborto a homicídio, com pena de até 20 anos, reúne mulheres na Cinelândia. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

04 de fevereiro, 2025 Folha de S. Paulo Por Lorena Hakak

Incidência da gravidez na adolescência ainda é alta, tornando essencial a ampliação das medidas preventivas

A gravidez é um momento significativo na vida de uma mulher, especialmente quando acontece em uma fase considerada “ideal”. No entanto, definir exatamente qual seria esse período é algo desafiador. Por outro lado, é possível refletir sobre quando a gravidez deveria ser postergada. Há alguns meses, li a reportagem “Gravidez precoce no Amazonas é agravada por acesso dificultado à contracepção”, publicado nesta Folha, em 14 de março do ano passado, que ilustra bem os desafios enfrentados por muitas meninas no Brasil. A gravidez na adolescência não afeta apenas a jovem, mas também tem repercussões para sua família e a sociedade.

Para celebrar a Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência, instituída pela Lei nº 13.798/2019, o GeFam lança, nesta semana, a Carta GeFam “Gravidez na Adolescência”. O documento apresenta dados do Sinasc (Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos) referentes ao período de 2005 a 2023. Em 2005, o Brasil registrava aproximadamente 660 mil nascimentos de bebês cujas mães tinham entre 10 e 19 anos. Felizmente, em 2023, esse número caiu para cerca de 300 mil.

A gravidez na adolescência pode ocorrer por diversas razões e, frequentemente, está associada a dinâmicas de vulnerabilidade. Entre os fatores envolvidos estão a falta de informação, o baixo acesso a contraceptivos, a ausência de orientações adequadas sobre saúde reprodutiva e expectativas de futuro limitadas.

Em alguns casos, as meninas reproduzem um padrão familiar em que mães e avós também engravidaram na adolescência. Situações mais graves incluem o casamento infantil e a violência sexual. Entre os partos registrados nessa faixa etária, 4,5% envolvem meninas de 10 a 14 anos. Pela legislação brasileira, essas gestações são classificadas como estupro de vulnerável, uma vez que meninas nessa idade não possuem maturidade legal para consentir uma relação sexual. Nesses casos, a interrupção da gravidez é permitida por lei.

Apesar da queda observada ao longo do tempo, os números permanecem desiguais tanto entre as regiões do país quanto em termos raciais. A região Norte, por exemplo, concentra 19,4% dos partos de mães com idade entre 10 e 19 anos. Em 2023, 64% das jovens mães nessa faixa etária eram pretas ou pardas.

Outros impactos negativos da gravidez na adolescência estão relacionados a problemas de saúde tanto para as jovens quanto para os bebês. A gravidez precoce está associada a um maior risco de complicações gestacionais, além do aumento da probabilidade de parto prematuro e da mortalidade materna e fetal.

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