(Folha Web, 30/01/2015) Apesar de dado positivo, risco de contaminação ainda preocupa; pesquisa indica que 45% da população sexualmente ativa não usou preservativo em suas últimas relações sexuais casuais
A mortalidade provocada pelo vírus da aids caiu 13% na última década no País. O dado foi apresentado pelo Ministério da Saúde no lançamento da campanha de prevenção às DST e aids para o carnaval de 2015. No entanto, entre a população jovem, os índices de contaminação pelo HIV ainda continuam crescendo.
Por essa razão, a campanha de prevenção do Ministério da Saúde para o carnaval deste ano é direcionada sobretudo ao público jovem e tem como slogan a expressão “#partiu teste”. A estratégia foi adotada focada na prevenção combinada, que alia a importância do uso da camisinha, com a conscientização da população sobre a necessidade do indivíduo saber se foi contaminado e, desse modo, iniciar rapidamente o tratamento.
De acordo com a Pesquisa de Conhecimentos, Atitudes e Práticas na População Brasileira (PCAP) divulgada pelo Ministério nesta quarta-feira, 94% dos brasileiros sabem que a camisinha é melhor forma de prevenção à aids e DST. Apesar disso, 45% da população sexualmente ativa do País não usou preservativo em suas últimas relações sexuais casuais.
Para o ministro da Saúde, Arthur Chioro, é fundamental reforçar a estratégia de distribuição de preservativos no País. No entanto, o ministro enfatiza que o governo precisa atuar em outras frentes no combate à epidemia de aids e DST, mais compatíveis com a nova realidade da sociedade brasileira, em que houve aumento do número de relações sexuais casuais.
“Nós não podemos lidar na sociedade brasileira usando a camisinha como a única arma de prevenção à aids e às DST. Nós precisamos ousar com outras estratégias. Precisamos contar com uma mudança de comportamento significativo da população de 15 a 64 anos, sobretudo entre a população mais jovem, que é o aumento significativo do número de parceiros casuais”, afirmou Chioro.
Nesse sentido, Chioro destacou que além dos investimentos focados na informação e no sexo seguro – atualmente, 120 milhões de preservativos estão disponíveis para distribuição no País – o Ministério da Saúde também está concentrando esforços em outras estratégias de prevenção, como o aumento da distribuição de testes rápidos e de medicamentos antirretrovirais. De acordo com o ministro, o tratamento contra o HIV distribuído hoje pelo SUS é uma referência internacional, por ser seguro, gratuito e eficaz.
Segundo dados do Ministério da Saúde, só em 2014 foram distribuídos 6,4 milhões de testes rápidos para o HIV, número 26% maior que os 4,7 milhões distribuídos em 2013. Das cerca de 734 mil pessoas que vivem com HIV e aids no Brasil atualmente, 80% já foram diagnosticadas. Dessas, 400 mil realizam tratamento gratuitamente pelo SUS.
A mensagem geral da campanha de carnaval deste ano – que tem como slogan a “# Partiu teste” – é informar a população jovem para se prevenir contra o vírus da aids, usar camisinha, fazer o teste e, se der positivo, começar o tratamento imediatamente, reforçando o conceito da prevenção combinada.
Nessa lógica, o ministro Arthur Chioro destacou que “a campanha quer chegar a todas as tribos, dialogar com a juventude e alcançar de forma consistente, sobretudo, as cidades onde há uma grande concentração de jovens.”
Ao todo, para a campanha está prevista a distribuição de 129 mil cartazes em quatro versões – segmentados para a população jovem, travesti e jovem gay – um spot de rádio, 315 mil folders explicativos da prevenção combinada e um vídeo para TV.
Nas cidades com maior concentração de foliões (São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Recife, Olinda, Florianópolis, Ouro Preto, Diamantina, São João Del Rei e Alfenas) haverá um reforço das estratégias de comunicação da campanha, focada na população jovem. Além disso, o ministro anunciou que, além do Carnaval, a campanha será estendida, com adaptações, para festas populares – como o São João e outros eventos – durante o resto do ano.
CENÁRIO BRASILEIRO
Desde os anos 80, foram notificados 757 mil casos de aids no Brasil. Segundo o Ministério da Saúde, a epidemia no País está estabilizada, com taxa de detecção em torno de 20,4 casos a cada 100 mil habitantes. Isso representa cerca de 39 mil casos de aids novos ao ano. Além disso, o índice de mortalidade por aids caiu 13% nos últimos 10 anos, passando de 6,4 casos de mortes por 100 mil habitantes em 2003, para 5,7 casos em 2013.
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