(Folha de S.Paulo/O Estado de S. Paulo) O aborto tornou-se tema tão central nestas eleições que em sua primeira entrevista após o primeiro turno, concedida ao Jornal Nacional, a candidata do PT Dilma Rousseff declarou: “”Eu tenho uma proposta de valores. Um princípio nosso de valorizar a vida em todas as suas dimensões” (Veja declaração de Dima Rousseff no Jornal Nacional).
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A Folha apresentou a avaliação de aliados e dirigentes do PT sobre o tema do aborto no 2º turno da eleição à Presidência:
A senadora eleita Gleisi Hoffmann (PT-PR) afirmou que a defesa da descriminalização do aborto pode até ser defendida por algumas alas do partido, mas pode “custar a Presidência da República”.
O senador eleito Marcelo Crivella (PRB-RJ), puxador de votos evangélicos, disse que chegou a perder votos porque defendia Dilma, que “erroneamente” era associada a afirmações anticristãs.
O secretário de Comunicação do PT, André Vargas, defende ainda o isolamento da ala do partido pró-legalização. “Agora é hora de envolver mais dirigentes na campanha. Foi um erro ser pautado internamente por algumas feministas. Eu e outros fomos contra”.
Um dos coordenadores da campanha de Dilma Rousseff, José Eduardo Cardozo, presidente do PT, reconhece que a resolução do PT, pró-descriminalização do aborto, não é unânime no partido e não é a posição de Dilma.
Distribuição da pílula do dia seguinte poderá ser usada como contra-ataque
A primeiro ofensiva partiu do secretário de Comunicação do PT, André Vargas, que escreveu no Twitter: “O Brasil verdadeiramente cristão não votará em quem introduziu a pílula do dia seguinte, que na prática estimula milhões de abortos: Serra”.
Serra normatizou o atendimento do aborto previsto por lei, em 1998 (Folha de S.Paulo)
Porém, diferentemente do que André Vargas afirma, a adoção da chamada “pílula do dia seguinte” -cujo uso é condenado pela Igreja Católica- foi decidida antes de José Serra assumir a pasta da Saúde.
Em 1998, contudo, quando já era ministro da Saúde, Serra foi acusado de atender a grupos que defendem o aborto, por normatizar a realização do aborto nos casos previstos em lei (risco de vida para a grávida ou gravidez resultante de estupro).
CNBB promove campanha em “defesa da vida” (Folha de S.Paulo)
Lideranças católicas e evangélicas fizeram pregação contra Dilma por causa do Plano de Direitos Humanos (Folha de S.Paulo)
Vídeo que teve mais de 3 milhões de acessos na internet mostra pastor evangélico alertando que uma vitória petista referendaria o aborto. “Nos cultos, o pastor exibiu imagens de cirurgias abortivas e de índios enterrando crianças deformadas supostamente vivas, seguidos de declarações de que o Plano Nacional de Direitos Humanos banalizaria essas ações.”
Petista arma ofensiva em busca do voto de cristãos (O Estado de S. Paulo)
Ex-seminarista Gilberto Carvalho e deputado evangélico Manoel Ferreira trabalharão para aproximar Dilma de fiéis.
Chalita ajudará PT a avançar entre religiosos (Folha de S.Paulo)
Eleito deputado federal com 560 mil votos, Gabriel Chalita (PSB), que tem forte ligação com a ala carismática da Igreja Católica, diz que se empenhará em defender e ajudar Dilma a avançar entre religiosos. “Dilma nunca disse ser a favor do aborto. Ela se posicionou, abordando o tema como uma questão de saúde pública. Eu particularmente sou contra. Mas a questão central nesse caso é a boataria. Isso aconteceu com o Lula, em 2002. Diziam que ele ia mudar as cores da bandeira e fechar igrejas”.