(UOL Notícias) Defensora da legalização e descriminalização do aborto, a nova ministra da Secretaria de Políticas das Mulheres, Eleonora Menicucci de Oliveira, afirmou nesta terça-feira (7) que, como integrante do governo, deixará de marcar a posição pessoal sobre o assunto. Segundo ela, o tema deve ser tratado pelo Congresso Nacional. Menicucci porém defendeu que o aborto é uma questão de saúde pública como o combate às drogas e doenças sexualmente transmissíveis.
“A minha posição pessoal não diz respeito. Não interessa. A minha posição pessoal eu já dei em entrevista, nos anos 1970, 1980, 1990, quando o feminismo necessitava marcar posições (…) mas hoje, a partir de sexta-feira e do momento que aceitei com responsabilidade o convite da presidenta, eu sou governo e a matéria da legalização e descriminalização do aborto é uma matéria que não diz respeito ao Executivo, ela diz respeito ao Legislativo”, afirmou em sua primeira entrevista coletiva depois do anúncio oficial da troca ministerial.
Para Menicucci, o número de casos no Brasil de mulheres que morrem em abortos clandestinos supera a questão pessoal e se torna uma preocupação de saúde pública. Segundo ela, esses casos são a quarta causa de mortalidade materna no Brasil e a quinta no número de internações do Sistema Único de Saúde (SUS).
Menicucci substitui a ex-ministra Iriny Lopes no comando a pasta. Lopes volta à Câmara dos Deputados, enquanto aguarda para participar das eleições municipais desse ano, quando se candidatará à Prefeitura de Vitória (ES), pelo PT.
Divorciada, mãe de dois filhos e avó de três netos, Eleonora Menicucci de Oliveira é graduada em ciências sociais pela Universidade de Minas Gerais, mestre em sociologia pela Universidade Federal da Paraíba, doutora em ciências políticas pela Universidade de São Paulo e pós-doutora em saúde e trabalho das mulheres pela Facultá de Medicina della Universitá Degli Studi di Milano, na Itália. Pró-reitora de extensão da Unifesp, ela lidera o Núcleo de Estudos e Pesquisa em Saúde da Mulher e Relações de Gênero.
A nova ministra foi líder estudantil em Belo Horizonte (MG) e militou pelo extinto POC (Partido Operário Comunista). Ela foi presa e torturada durante o regime militar (1964-1985), quando esteve presa junto com a presidente Dilma Rousseff.
Oliveira é conhecida pela defesa das causas feministas e pela luta pela descriminalização do aborto no país. Ela foi relatora no Brasil para o direito à saúde do Alto Voluntariado da ONU (Organização das Nações Unidas).
Leia na íntegra – Legalização do aborto é assunto do Congresso e não do Executivo, afirma nova ministra (UOL Notícias – 07/02/2012)
Nova ministra de Dilma diz que aborto não é questão ideológica (Folha.com – 07/02/2012)
Nova ministra defende direito ao aborto (Folha de S.Paulo – 06/02/2012)
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