(Agência AIDS) O secretário de vigilância em saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa, abriu os debates do Fórum AIDS e o Brasil, organizado pela revista e portal Imprensa nesta quarta-feira (11) em São Paulo.
Dr. Jarbas apresentou o panorama atual da epidemia de HIV no Brasil e falou sobre as novas políticas governamentais de resposta à aids, como a disponibilidade de medicamentos antirretrovirais para qualquer pessoa infectada pelo vírus, independentemente de quanto o sistema imunológica dela esteja afetado. “O objetivo desta medida é reduzir as possibilidades de transmissão e oferecer melhor qualidade de vida ao paciente”, disse.
Antes desta recente medida implementada pelo Ministério, os pacientes com HIV iniciavam o tratamento antirretroviral quando as células de defesa do organismo estavam abaixo de 500 cópias por cada milímetro cúbico de sangue ou quando apresentavam doenças oportunistas relacionadas à aids. Segundo explicou Jarbas, o tratamento reduz a carga viral e diminui as chances de propagação do HIV. “A estimativa é incluir cerca de 100 mil pessoas no tratamento, em 2014, com a mudança do protocolo”, comentou.
Desde o início da oferta de antirretrovirais pelo sistema de saúde, há dezessete anos, aproximadamente 313 mil pessoas iniciaram o tratamento da aids com antirretrovirais.
Outra medida da Pasta, comentada por Jarbas durante o Fórum, foi a ampliação da profilaxia contra o HIV na rede básica de saúde. A proposta é oferecer medicamentos antirretrovirais como forma de prevenção para algumas pessoas que se expuseram ao vírus. “A eficácia da profilaxia, no entanto, é maior para as pessoas que tomarem os medicamentos até 72h depois do possível contato com o vírus”, disse o secretário.
Dr. Jarbas lembrou também que a epidemia de HIV no Brasil é concentrada. “A prevalência da doença na população geral é de 0,4. Ou seja, para cada mil pessoas, 4 têm HIV, mas entre a população de homens que fazem sexos com homens, a prevalência é de 10,5 para cada 100 pessoas”, comparou.
Outro dado que preocupa o Ministério da Saúde se refere à coinfeccao tuberculose/HIV. “A cada mil pessoas com tuberculose, 100 vivem com HIV e essa é a maior causa de morte entre os soropositivos”, acrescentou.
O representante do Ministério da Saúde reforçou a importância da informação na prevenção do HIV e o papel da imprensa em ajudar na disseminação destas informações.
Presente no encontro, o presidente do Fórum de ONGs/Aids de São Paulo, Rodrigo Pinheiro, cobrou do secretário campanhas direcionadas às população mais vulneráveis, como jovens gays e travestis. “O ministério da Saúde é conservador, precisamos de campanhas que dialoguem com cada publico especifico”, criticou o ativista.
Depois da sua apresentação, Jarbas foi abordado por Rodrigo e Nair Brito, integrante do Movimento Nacional das Cidadãs PositHIVas, que demostraram preocupação sobre a proposta do Ministério em expandir o tratamento da aids para a atenção básica. Durante a discussão que chamou a atenção de alguns participantes do Fórum, o secretário alegou que diante da iniciativa da Pasta de tratar cada vez mais gente, o atendimento exclusivo nos serviços especializados se tornará enviável em breve. Os ativistas, no entanto, temem com a mudança uma possível perda na qualidade do atendimento prestado às pessoas com HIV e aids.
Sobre o Fórum AIDS e o Brasil
O evento reúne, no Hotel Tivoli – Mofarrej em São Paulo, profissionais da comunicação, gestores públicos, ativistas, representantes das pessoas vivendo com HIV e aids, entre outros interessados pelo tema.
Sinval de Itacarambi Leão, diretor da revista e portal Imprensa, lembrou que este é o segundo encontro sobre aids organizado pela revista. O primeiro foi realizado, em Brasília, em 2001.
“Tivemos como impulso para fazer mais um encontro sobre HIV e aids a escassez do tema nas coberturas midiáticas”, comentou Sinval.
Para o jornalista, a diminuição de informações sobre a doença na mídia pode ter contribuído para a desatenção de parte da população em relação à prevenção do vírus.