(Folha de S.Paulo/O Estado de S. Paulo) Declaração da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil sugere voto para candidatos contrários à legalização do aborto. Segundo a reportagem da Folha, “Dilma, que em 2007 era a favor de descriminalização, hoje vê “violência” contra a mulher; Serra adota crítica vaga, e Marina apoia texto”.
“Incentivamos a que todos participem e expressem, através do voto ético, esclarecido e consciente, a sua cidadania nas próximas eleições, superando possíveis desencantos com a política, procurando eleger pessoas comprometidas com o respeito incondicional à vida, à família, à liberdade religiosa e à dignidade humana”, diz a CNBB, na “Declaração sobre o momento político nacional”.
Segundo a Folha, o presidente Lula recebeu uma comissão da CNBB e garantiu que mudará o texto do PNDH-3 (3º Programa Nacional de Direitos Humanos); serão retirados o apoio à descriminalização do aborto e a proibição à ostentação de símbolos religiosos em prédios públicos.
Ainda segundo o jornal, os pré-candidatos à Presidência adotaram um discurso moderado sobre aborto, em consonância com a CNBB. “Em Porto Alegre, em entrevista a um programa da rede RBS, Dilma Rousseff (PT) disse que aborto ‘é uma coisa que nenhuma mulher defende’. ‘Ninguém fala: ‘Eu quero fazer aborto’. Aborto é uma violência contra as mulheres’, disse Dilma. Para a petista, o aborto não é uma “questão de foro íntimo”, e sim uma “política de saúde pública”. “Há uma legislação que prevê casos de aborto. Nestes casos que são bastante conhecidos e que dizem respeito, inclusive, a condições adversas de gravidez ou por risco de vida.” Dilma não declarou se pretende mudar a lei se for eleita.
Questionado pela Folha sobre o que pensa a respeito da descriminalização do aborto, José Serra (PSDB) evitou se aprofundar, voltando a afirmar ser contra a prática e dizendo que uma mudança na legislação atual não dependerá de um ato seu, caso seja eleito. “Qualquer deputado pode fazer isso [propor mudança na lei]. Como governo, eu não vou tomar essa iniciativa”, disse Serra.
Já Marina Silva (PV) disse em Natal que o documento reflete “a posição histórica da CNBB”. “Está de acordo om a visão que eu tenho de defesa da vida. Mas isso não significa que eles estejam direcionando [o voto] a ninguém”, afirmou.
A reportagem do Estadão diz que, embora não conste do texto da declaração da CNBB, fica implícito que a Igreja Católica não apoia candidatos que defendem a legalização do aborto e outros pontos incluídos no Programa Nacional de Direitos Humanos.
“Além da descriminalização do aborto, há outras distorções inaceitáveis, como a união, dita casamento, de pessoas do mesmo sexo, a adoção de crianças por pessoas unidas por relação homoafetiva e a proibição de símbolos religiosos (em repartições públicas)”, afirmou o cardeal-arcebispo de São Paulo, d. Odilo Scherer, em entrevista coletiva.
A reportagem do Estadão destaca que, segundo a ex-ministra Dilma Rousseff, o aborto tem de estar previsto em lei. “E mudança é um processo que tem que ser discutido com a sociedade e tem que ver o que um governo fará.” E o jornal cita a pré-candidata que disse não ser possível “deixar que as mulheres das classes populares utilizem métodos medievais como agulha de crochê, chás absurdos e outras práticas enquanto outras pessoas têm acesso ao serviço”.
A matéria do Estadão informa que José Serra afirmou ser contra a legalização do aborto. “Eu não sou a favor do aborto. Não sou a favor de mexer na legislação. Agora, qualquer deputado pode fazer isso. Como governo, eu não vou tomar essa iniciativa”, declarou o tucano, após entrevista ao Programa do Ratinho, do SBT.
Acesse as matérias:
CNBB prega voto “pró-vida”, e candidatos condenam aborto (Folha de S. Paulo – 13/05/2010)
CNBB pede voto em defesa da ‘vida’ (O Estado de S. Paulo – 13/05/2010)
Serra diz ser contra a legalização do aborto (O Estado de S. Paulo – 13/05/2010)
Dilma afirma que aborto é ‘questão de saúde pública’ (O Estado de S. Paulo – 13/05/2010)