(Agência de Notícias da Aids) Aproximadamente 75 mulheres vivendo e convivendo com HIV e aids de todas as regiões brasileiras estavam reunidas até esse domingo, 17 de novembro, em Atibaia, no interior de São Paulo, para o “II Seminário Nacional de Lideranças e Comunicação para Mulheres +”. Durante o evento foi criado um documento que será entregue ao ministro da Saúde, Alexandre Padilha, pedindo a garantia de políticas públicas contra a “feminização da epidemia”.
Na carta, as ativistas citam o acesso da mulher ao tratamento da aids, buscando contemplar as necessidades regionais, estaduais e municipais de forma que os princípios de equidade, universalidade e integralidade do Sistema Único de Saúde (SUS) sejam respeitados.
As representantes das mulheres vivendo com HIV e aids também afirmam estar preocupadas com os efeitos colaterais do coquetel antiaids. Para isso, elas exigem exames específicos, como densitometria óssea e dosagem hormonal; a realização de pesquisas sobre os efeitos do HIV e do uso prolongado dos antirretrovirais, além da interação do vírus e dos medicamentos na saúde ginecológica e dermatológica da mulher.
As ativistas querem também a implementação, de forma efetiva e em todos os estados, da “Portaria contra a Lipodistrofia”, garantindo assim o atendimento das mulheres vivendo com HIV/aids nas cirurgias reparadoras e de preenchimento facial.
Elas finalizam o documento pedindo recursos específicos para o enfrentamento das DST/aids nos estados e municípios da federação.
O documento elaborado em Atibaia teve apoio do Movimento Nacional das Cidadãs PositHIVas e da Associação Liberdade com Amor e Respeito à Vida (Associação Lar). A ideia é entregá-lo diretamente para o ministro Padilha em reunião esperada pelo movimento nacional de luta contra a aids ainda neste mês.
Leia a seguir a carta na integra:
Nós mulheres reunidas no II Seminário Nacional de Lideranças e Comunicação para Mulheres + realizado na cidade de Atibaia entre os dias 14 a 17 de novembro de 2013 reafirmamos neste documento a importância de garantir o acesso à informação e a manutenção das políticas de incentivo ao combate da epidemia de DST/HIV/AIDS em especial atenção as especificidades da mulher nos eixos temáticos abaixo especificados:
– Qualidade da Atenção e acesso à saúde;
– Fortalecimento do Controle social, Participação e Mobilização;
– Intra e Intersetorialidade, Vulnerabilidades e Construção de Ações Estratégicas;
– Gestão e Monitoramento.
A garantia universal e integral do acesso da mulher ao tratamento nas suas mais variadas especificidades buscando contemplar as necessidades regionais, estaduais e municipais de forma que os princípios do SUS sejam respeitados enquanto equidade, universalidade e integralidade. Isso posto apontamos os principais pontos a serem observados:
– Os Efeitos Colaterais advindos de fatores com o uso constante de Antiretrovirais, solicita-se a garantia de acesso aos exames específicos como: densitometria óssea e dosagem hormonal entre outros.
– A Realização de pesquisas quanto aos efeitos do HIV e ao uso dos Antiretrovirais, observando as necessidades e especificidades femininas e as mudanças corporais, tais como: Agravos ginecológicos, dermatológicos, hormonais, envelhecimento precoce entre outros.
– Ampla divulgação das novas tecnologias de prevenção e tratamento, com garantia de acesso e distribuição contínua de todos os insumos;
– Considerando que a Portaria de Lipodistrofia desde 2005 ainda não foi implementada de forma efetiva na maioria dos estados, garantir a sua implementação e o atendimento prioritário das mulheres vivendo com HIV/AIDS que se encontra nos serviços aguardando as cirurgias reparadoras e preenchimento facial.
– Realizar pesquisas relacionadas ao controle da lipodistrofia conforme experiências nos Estados Unidos em relação ao uso de Egrifta (hormônio de crescimento) garantindo assim o acesso às mulheres vivendo com HIV.
– Realizar Campanhas onde o não amamentar das mulheres vivendo com HIV/AIDS seja visto também como um ato de prevenção e amor.
– Garantir o acesso do inibidor de lactose, dentro da Rede Cegonha cumprindo a pactuação tripartite de medicamentos.
– Ofertar a testagem para o HTLV e a inclusão automática com outros testes e pesquisas sobre sintomas e coinfecção.
– Incentivar e orientar a participação efetiva das mulheres vivendo com HIV/AIDS nos espaços de controle social em seus municípios e estados.
– Viabilizar capacitações técnicas permanentes sobre as novas legislações do Sistema Único de Saúde para as mulheres vivendo com HIV/AIDS, a citar: – COAP, SICONV, RRAS entre outros.
– Garantir as ações da política de controle à epidemia de HIV/AIDS nos municípios e estados através da criação de uma dotação orçamentária específica.