(Diário da Manhã / DM Revista) Jovens entre 11 e 19 anos devem ser advertidas sobre problemas a que estão suscetíveis, para que possam reforçar medidas contraceptivas
Muito se fala nos problemas sociais e psicológicos relacionados à gravidez na adolescência. Porém, pouco se sabe sobre as complicações patológicas às quais as adolescentes estão sujeitas durante a gestação.
Além de virarem mães antes de se tornarem mulheres, as adolescentes têm chances muito maiores de desenvolver algum tipo de complicação durante a gravidez e, comparadas às mulheres adultas, também correm mais risco de morte materna. E os números não são baixos: um a cada cinco partos é de mãe adolescente.
É muito comum que grávidas na faixa etária de 11 a 19 enfrentem problemas psíquicos e sociais, mas os riscos de problemas biológicos também são alarmantes.
De acordo com Marco Aurélio Galletta, médico responsável pelo setor de gravidez na adolescência da Clínica Obstétrica do Hospital das Clínicas e membro da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (Sogesp), é mais comum haver aborto por parte dessas jovens. Além disso, esses abortos costumam ser mais tardios, o que acarreta em riscos ainda maiores.
“O principal fator que agrava as complicações patológicas é o pré-natal tardio ou algumas vezes inexistente”, revela Galetta, apontando para o fato de muitas adolescentes iniciarem este acompanhamento já na 19ª ou 20ª semana de gestação, quando os riscos já estão bem definidos.
Principais riscos
Geralmente diagnosticada após a 20ª semana, a pré-eclampsia é um distúrbio que leva a gestante a desenvolver hipertensão e proteinúria, que é a liberação de proteínas na urina. O risco do distúrbio acontecer em adolescentes é duas vezes maior que nas mulheres adultas.
“Depois da pré-eclampsia, pode ocorrer a eclampsia, ainda mais grave, caracterizada por convulsões na gravidez, e que é nove vezes maior na gravidez de adolescentes do que na de adultas”, alerta o especialista.
Mas jovens também estão duas vezes mais sujeitas a desenvolver anemia durante a gestação do que as mulheres acima de 20 anos. Em casos de meninas que já eram anêmicas antes, a doença na gravidez gera ainda mais complicações.
No parto, as adolescentes correm mais riscos durante a cesárea e de desenvolver mais traumas no trabalho de parto.
Bebês das adolescentes
Os bebês de gestantes adolescentes também correm mais riscos de complicações, como asfixia na hora do parto, baixo peso ao nascer, prematuridade e até mesmo desnutrição. Essas implicações resultam em maiores índices de mortalidade neonatal.
Galleta acrescenta algumas informações curiosas que envolvem o pós-parto, como o fato destas mães brincarem menos e amamentarem menos seus filhos.
“As taxas de amamentação por parte das meninas de 11 a 19 anos é menor do que nas acima de 20 e, por esse motivo, a figura da avó (seja materna ou paterna) é fundamental para que a criança receba pelo menos o leite da mamadeira. Também é comum que essas mães desenvolvam depressão pós-parto e drogadição, enquanto as crianças costumam ser mais agressivas e ter baixo QI”.
Acesse o PDF: Gravidez na adolescência: muito mais riscos e complicações (Diário da Manhã, 19/01/2014)