22/08/2013 – Estudo aponta que mortalidade por aids está em queda no Brasil

22 de agosto, 2013

(O Estado de S.Paulo) Estudo da Universidade de Washington destaca acesso a antirretrovirais.

A mortalidade por aids no Brasil e no México está em tendência de queda, aponta estudo feito pela Universidade de Wa­shington, nos Estados Uni­dos, e publicado ontem na revista aids, com dados de paí­ses de todo o mundo. Os dois países oferecem acesso uni­versal aos antirretrovirais.

Dados do Ministério da Saúde mostram que a Aids é a 13ª causa de morte no País, que registra38 mil novos casos e cer­ca de 12 mil mortes ao ano por causa da doença. Em dez anos, a mortalidade caiu 12,7%.

Para chegar aos resultados, a pesquisa analisou o “peso” da doença nos países, levando em consideração um indicador cha­mado Dalys, que avalia não ape­nas os casos de morte, mas tam­bém os anos de vida perdidos por incapacidade prematura.

Considerando apenas a América Latina, o estudo aponta que o HIV ainda está entre os dez principais motivos da perda de anos de vida em 4dosi7 países – Colômbia, Honduras, Panamá e Venezuela, enquanto no Bra­sil ele aparece entre uma das 25 mais importantes causas.

Jarbas Barbosa, secretário de Vigilância em Saúde do ministé­rio, diz que a queda de mortali­dade é uma tendência que vem sendo observada nos últimos anos, já que desde 19970 Brasil oferece o tratamento com antirretrovirais. “Em 2000, a mortalidade era 6,3 por 100 mil habitantes e, em 2011, caiu para 5,6.”

O segurança Abelardo Pereira da Silva, de 63 anos, con­vive há32 com o HIV. Foi diag­nosticado em 1988, quando nem existiaamedicação anti­HIV. “Naquela época, as pes­soas descobriam o HIV de dia e morriam à noite. Perguntei para o médico: posso com­prar meu caixão?”

Américo Nunes Neto, de 51 anos, coordenador do InstitutoVidaNova, também desco­briu o HIV em 1988. “Foi co­mo uma sentença de morte. A médica disse que eu tinha seis meses de vida”, diz ele, que superou as previsões, de­senvolveu um câncer e mais uma vez contrariou os prog­nósticos. “Estou bem, só mo­nitorando a doença.”

O infectologista Ésper Kallás, professor da Faculdade de Medicina da USP, diz que a mortalidade por aids no Brasil praticamente estabili­zou após o fornecimento da medicação, mas diz que ainda há muita desigualdade en­tre os Estados. “No Brasil, boa parte dessa queda pode ser atribuída a São Paulo.”

Para o infectologista Ale­xandre Naime Barbosa, pro­fessor da Faculdade de Medicina da Universidade Esta­dual Paulista (Unesp), a pesquisa mostra que o Brasil ainda precisa melhorar seu acesso global à saúde. “O País já venceu a etapa de fornecer a medicação para os doentes, agora temos de dar um passo à frente e enfrentar as outras dificuldades e melhorar a qualidade de vida”, diz.

Acesse o PDF: Mortalidade por aids está em queda no Brasil (O Estado de S.Paulo, 22/08/2013)

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