24/09/2010 – Um em cada 10 soropositivos não conta ao parceiro fixo que tem o HIV (iG)

25 de setembro, 2010

(Portal iG) Pesquisa realizada pela Casa da Aids, do Hospital das Clínicas de São Paulo, mostra que um em cada 10 soropositivos não conta ao parceiro fixo que tem HIV.

A Casa da Aids atende 3.200 pacientes e 292 foram sorteados para participar da pesquisa sobre estilo de vida. Deste total, 66% afirmaram ter relações estáveis com parceiros não soropositivos.

O diretor do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, David Uip, explica que o medo do abandono do/a namorado/a ou companheiro/a após o relato é o principal fator para o silêncio entre os casais.

Nas unidades do Sistema Único de Saúde (SUS) que atendem mulheres soropositivas grávidas, a dependência econômica também aparece como justificativa para o silêncio.

Para a enfermeira e professora da Universidade Federal do Alagoas, Renata Karina Reis, os mesmos motivos que fazem com que elas sejam contaminadas geram o silêncio sobre o diagnóstico. A especialista em casais sorodiscordantes (quanto um tem o diagnóstico e o outro não) fala que as mulheres têm ainda mais dificuldades para negociar o preservativo.

“A maioria das mulheres que hoje entra para as estatísticas de aids tem escolaridade baixa, não tem renda própria o que acaba reforçando a posição de submissão em várias áreas da vida, inclusive na negociação do preservativo”, diz Renata.

Para agravar a situação, o segredo dificulta a adesão ao tratamento para que o vírus HIV não seja transmitido ao bebê durante a gestação ou na hora do parto ou amantação, pois isso exige mais consultas médicas e mais medicamentos e cuidados.

Para os especialistas, apesar de homens e mulheres enfrentarem dificuldades para falar sobre a doença, são as mulheres as que mais acabam contando a verdade, optando por sair da situação de “clandestinidade”.

Os pesquisadores acreditam que, em razão do maior silêncio dos homens, tem sido constatado um aumento no registro de casos de Aids entre mulheres com mais de 50 anos. Em 2000, as mulheres nessa faixa etária respondiam por 8% do total de casos. Nove anos depois, essa parcela subiu para 15%, ou quase o dobro.

Acesse essa matéria na íntegra: Para romper o silêncio da Aids (Portal iG – 24/09/2010)
Leia também: Mulher, avó e HIV positivo (iG – 28/01/2010)

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