29/06/2012 – Novo método de prevenção do HIV para mulheres será estudado nos próximos meses

29 de junho, 2012

(Correio Braziliense) Embora já existam métodos completamente eficazes para a prevenção do HIV – vírus da aids, que causa a debilidade do sistema imunológico e pode levar à morte -, controlar o avanço do mal em alguns grupos, como as mulheres, vem sendo um desafio para governos de todo o mundo. Sem acesso à segurança e, em vários casos, ao direito de controlar sua saúde reprodutiva, mulheres, em especial as das regiões mais pobres, como a África, são contaminadas muitas vezes dentro de casa, pelos companheiros. Na tentativa de dar mais independência e proteção a elas, uma nova rodada de pesquisas deve ser iniciada nos próximos dias. Batizada de Thering study – algo como O estudo do anel -, a pesquisa poderá resultar em um novo método de proteção contra a aids a ser usado por mulheres de maneira independente.
O anel ao que o título se refere é um pequeno arco de silicone equipado com uma poderosa carga de 25mg de medicamentos antirretrovirais (ARV”s), os mesmos utilizados no tratamento de pacientes soropositivos e que ajudam a manter a carga viral baixa. O instrumento liberará uma pequena parte dessa carga viral diariamente durante 28 dias – tempo de duração do ciclo menstrual -, quando poderá ser substituído. A expectativa dos pesquisadores é de que o medicamento consiga barrar a entrada do vírus no corpo feminino e mantenha a saúde da mulher intacta, mesmo após relação com parceiro infectado pelo HIV sem o uso de camisinha.
A estratégia baseia-se em outros anéis que vêm sendo desenvolvidos para a prevenção da gravidez indesejada e, em um estudo prévio feito com três mulheres na Europa, se mostrou eficaz. “ARV”s como o dapivirineprometem uma oferta enorme para a prevenção do HIV. Pelo fato de o anel só precisar ser substituído uma vez por mês, ele tem o potencial para encorajar o seu uso consistente e fornecer proteção de longa duração”, ressaltou Zeda Rosenberg, diretora executiva da Parceria Internacional para Microbicidas (IPM, na sigla em inglês), instituição que lidera o projeto. “Com a colaboração de múltiplos doadores e de centros de pesquisa clínica, pretendemos dar às mulheres em risco de infecção a capacidade de se proteger da forma mais conveniente e eficaz possível”, completa.
Nos próximos meses, 1.650 mulheres africanas de 18 a 45 anos vão receber os anéis. Dessas, 1,1 mil ficarão com a estrutura carregada de antirretrovirais, enquanto 550 usarão placebo. Nem elas nem os pesquisadores que lidarão diretamente com as participantes saberão de que grupo cada uma das voluntárias fará parte. Além disso, cerca de 3,5 mil mulheres em Malauí, na África do Sul, em Uganda, na Zâmbia e no Zimbábue serão cadastradas para a próxima fase do estudo e poderão receber os métodos experimentais assim que ele for regulamentado em seus países. As participantes da pesquisa serão orientadas a manter os hábitos sexuais.
Caso as duas etapas da pesquisa obtenham sucesso, o método poderá ser disponibilizado gratuitamente para mulheres ao redor do mundo. “Acreditamos que o anel tem o potencial de ser revolucionário para as mulheres, especialmente na África”, comemora Annalene Nel, chefe do Escritório Médico da IPM. “Esse produto pode expandir o menu de opções de prevenção do HIV e dar às mulheres uma maneira muito prática para proteger sua própria saúde”, completa a médica.
Risco triplicado
Cientistas da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, descobriram que o risco de transmissão do HIV é três vezes maior em mulheres com vaginose bacteriana em comparação às pacientes saudáveis. Segundo a pesquisa, publicada na edição desta semana da revista PLoS Medicine, mais estudos são necessários para a criação de melhores formas de detecção e tratamento da vaginose, uma doença bastante comum na África Subsaariana, justamente a região do mundo onde a aids é mais prevalente.

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