(Folha de S.Paulo/O Estado de S. Paulo) O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que não viu novidade e minimizou a influência da declaração do papa Bento 16, que condenou o aborto e conclamou os bispos brasileiros a orientarem o voto dos fiéis católicos. “Eu não vi nenhuma novidade na declaração do papa. Esse é o comportamento da Igreja Católica desde que ela existe”.
Questionado sobre a relação entre o discurso do papa e a eleição no Brasil, Lula preferiu não polemizar: “Isso pode ser falado a qualquer momento: ontem, hoje ou amanhã. Toda vez que você questionar um papa sobre a questão do aborto ele vai dizer exatamente o que disse o Bento 16”.
Mas o presidente também soltou farpas contra a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) ao declarar que a entidade pode se manifestar, mas que o Estado é laico. “Este País é democrático e laico, portanto, as pessoas se manifestam do jeito que quiserem. A liberdade é boa por isso, é porque a gente se manifesta, ganha ou perde, pode pagar um preço pelos erros que cometeu.”
“A Igreja não tem posição partidária e o papa não está dizendo que se deve votar em um ou em outro candidato”, declarou o vice-presidente da CNBB, d. Luiz Soares Vieira, arcebispo de Manaus, acrescentando que, “como os dois candidatos (Dilma Rousseff e José Serra) têm praticamente a mesma posição diante do aborto, é complicado fazer a escolha”.
Lideranças religiosas ouvidas pelo Estadão concordam em um ponto: acham que é positivo orientar os fiéis sobre questões políticas, mas a maioria defende que a orientação seja indireta. “A religião serviria para oferecer os parâmetros morais usados na avaliação dos candidatos. Depois, cada fiel eleitor realizaria sua escolha com liberdade”, diz a reportagem.
Acesse na íntegra:
Brasil é Estado laico, diz Lula sobre fala do papa (O Estado de S. Paulo – 30/10/2010)
Lula minimiza fala do papa sobre aborto (Folha de S.Paulo – 30/10/2010)
Líderes religiosos são a favor de orientar fiéis (O Estado de S. Paulo – 30/10/2010)
Igreja não tem posição partidária, diz CNBB (O Estado de S. Paulo – 30/10/2010)
