ZikaPlan é formado por 25 instituições de pesquisa dos cinco continentes.
Financiado pela Comissão Europeia, grupo pretende atuar por quatro anos
(G1, 21/06/2016 – Acesse no site de origem)
Um consórcio internacional promete unir esforços para garantir respostas e tirar todas as dúvidas sobre os problemas causados pelo vírus da zika. Lançado nesta sexta-feira (21), o ZikaPlan é composto por 25 instituições de pesquisa de 11 países da América Latina, América do Norte, África, Ásia e Europa. Com recursos oriundos da Comissão Europeia, na casa dos € 11,5 milhões (mais de R$ 40 milhões), o grupo pretende atuar por um prazo de até quatro anos em várias vertentes de combate à doença.
Outros centros de pesquisa participam da ação conjunta. São o ZIKAaction e o ZikAlliance, também financiados pela União Europeia. A intenção é estabelecer uma rede na América Latina e no Caribe.
Por ter sido um dos lugares onde surgiram os primeiros casos, a capital pernambucana foi escolhida para sediar o primeiro encontro do grupo. No Recife, 60 pesquisadores estão reunidos desde o dia 19 deste mês para traçar os primeiros passos a serem dados.
“Existe uma grande parceria, uma grande participação e uma união de esforços para não perder tempo, não duplicar as pesquisas. Acredito que o consorcio expressa o interesse da comunidade internacional”, destacou o pesquisador da Universidade de Pernambuco e coordenador do ZikaPlan no Recife, Ricardo Ximenes.
O projeto trabalha com cinco frentes de ação. Entender melhor a arbovirose e as doenças causadas por ela, prevenir sua disseminação, educar a população e a construção de uma capacidade de resposta sustentável na América Latina.
Para Laura Rodrigues, pesquisadora da London School Of Hygiene and Tropical Medicine e integrante do consórcio, ainda se sabe muito pouco sobre o vírus da zika e sua real dimensão, assim como a imunidade dele.
“Não temos um bom teste, uma boa vacina, um bom tratamento e uma boa maneira, eficiente, de controlar o mosquito. Não entendemos completamente como se dá a transmissão, não sabemos por que o zika infecta o feto e a dengue não, não sabemos o mecanismo no zika que causa o guillain barré e não sabemos se causa imunidade permanente”, listou.
Para preencher essas lacunas, o ZikaPlan investigará a associação do vírus com a síndrome congênita e complicações neurológicas, e a patogênese dos casos graves. O projeto ainda irá estudar a transmissão e os fatores de risco, a evolução do zika, como inovar o diagnóstico e a elaboração da vacina, além de pensar numa série de medidas preventivas para o controle do vetor.
Com 27 vacinas contra o vírus da zika já sendo pesquisadas e testadas no mundo, o assunto também é de interesse do consórcio. O diretor do Instituto Butantan, Jorge Kalil, anunciou que, se tudo der certo, o Brasil terá a sua em até dois anos.
“Nós já mandamos uma equipe de produção de vacina para o Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos para ver como se produz essa vacina pelo DNA. Estamos fazendo modificações no Butantan para que a gente possa produzir aqui. Se tudo der absolutamente certo, em dois anos teremos a vacina”.
Preocupados e ansiosos para responder o quanto antes esses questionamentos, os pesquisadores acreditam que o Brasil passará por mais um ciclo epidêmico neste verão. A expectativa é que o país ainda sofra com os problemas causados pelo zika por, pelo menos, cinco anos. Na Europa, a transmissão do vírus por meio de relações sexuais é o assunto mais discutido atualmente.
“A gente não estava preparado para conhecer o zika. Um dos problemas do zika é que os testes para diagnósticos nunca foram muito bons. Agora, nós temos vários testes, mas ainda não foram validados. Por exemplo, não tem como fazer uma grande pesquisa populacional para saber quantas pessoas foram expostas a ele. Na Inglaterra, encontramos as primeiras larvas do Aedes Aegypti ”, pontuou Laura.