Em uma carta confidencial enviada ao governo brasileiro, relatoras da ONU denunciaram uma ofensiva contra o aborto legal, nas condições previstas pela legislação brasileira. O documento, obtido pelo UOL, foi enviado para as autoridades em Brasília ainda em abril e foi assinado pelas relatoras Dorothy Estrada-Tanck, Irene Khan, Tlaleng Mofokeng, Mary Lawlor e Alice Jill Edwards.
No centro da denúncia está o caso de três jornalistas brasileiras que, em junho de 2022, publicaram reportagens sobre a dificuldade de uma menina que havia sido estuprada em conseguir realizar um aborto legal. Após as reportagens, Paula Guimarães (Portal Catarinas), Bruna de Lara and Tatiana Dias (The Intercept) passaram a ser alvo de um assédio judicial e moral pela denúncia realizada.
Elas publicaram, na época, detalhes sobre como a pressão havia sido colocada sobre a criança vítima do estupro e de sua família para que o aborto não fosse realizado.
Para as relatoras da ONU, os ataques contra as jornalistas fazem parte de um padrão mais amplo e preocupam. É uma tentativa de grupos ultraconservadores de impedir que a lei brasileira seja cumprida e que essas meninas tenham acesso aos serviços de saúde sexual e reprodutiva.