(Uol | 24/06/2022 | Por Carlos Madeiro)
Em agosto de 2020, o médico obstetra Olímpio Moraes ofereceu o Cisam (Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros), onde era diretor, no Recife, para receber uma menina de 10 anos do Espírito Santo que estava grávida após ser estuprada pelo tio.
No caso, a interrupção da gravidez na criança foi feita após protestos de grupos de religiosos e políticos radicais, que foram à porta do Cisam chamarem ele e a menina de assassinos. A menina precisou entrar no porta-malas do carro, escondida, para realizar o procedimento.
Quase dois anos depois, Moraes —que já foi excomungado pela Igreja Católica— vê com apreensão a história se repetir, desta vez com uma criança de 11 anos que queria finalizar sua gravidez após ser estuprada, mas foi impedida pela juíza Joana Ribeiro Zimmer, em Santa Catarina. Ontem, foi informado que ela conseguiu fazer o aborto.
Segundo ele, não é de agora que o país tem “parado de caminhar”, mas, sim, quando houve uma ascensão de relevância da chamada bancada da bíblia na Câmara, que passou a travar modernização de normas e legislações sobre o tema. “Estamos parados no tempo há pelo menos 10 anos”, diz.